Nas últimas 48 horas, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou 432 casos e mais três mortes da Covid-19 em Mato Grosso do Sul. Pela primeira vez, doença matou uma profissional de saúde no Estado. Com a explosão no contágio, o coronavírus está infectando nove pessoas por hora. Enquanto isso, parte expressiva da população não só ignora as recomendações das autoridades de saúde, como está em ritmo de festa.
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Em Campo Grande, a Guarda Municipal abordou mais de mil pessoas desrespeitando o toque de recolher, que estavam participando de festinhas ou curtindo a vida em bares e boates. Só na noite de sábado, 26 estabelecimentos foram orientados a fechar as portas e 622 orientadas a voltar para dentro de casa.
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Com mais três óbitos em 24h, covid-19 mata 28 pessoas e supera pandemia da H1N1 em MS
Os números da Secretaria Estadual de Saúde deixam claro sobre a situação estar fora de controle em MS. O Estado levou dois meses e 10 dias para contabilizar mil casos – barreira foi alcançada no dia 25 de maio deste ano, quando foram notificados 1.024 pacientes. Em 11 dias, no dia 6 deste mês, MS superou a 2 mil pessoas diagnosticadas com a doença (2.132).
Em apenas seis dias, na sexta-feira passada (12), a secretaria contabilizou mais de 3 mil casos (3.001). Com mais 234 casos no sábado (só abaixo do recorde de 238 na quinta-feira) e mais 198 hoje, Mato Grosso do Sul já tem 3.433 infectados pela covid-19.
Entre as novas vítimas da pandemia estão quatro guardas municipais de Campo Grande. Eles trabalham no posto do Parque Ayrton Senna, que foi desinfetado no sábado (13). “GCMs também estão suscetíveis ao contágio por estarem na linha de frente, trabalhamos 24h por dia em contato direto, nas fiscalizações e rondas pelas ruas de Campo Grande”, informou a corporação.
Último estado brasileiro a ser atingido pela pandemia, Mato Grosso do Sul registrou, pela segunda vez, três mortes em um único dia. O número de óbitos pela doença saltou de 28 para 31 nas últimas 24 horas.
A enfermeira Malory Melo, 55 anos, morreu após ficar internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital da Cassems, em Dourados. De acordo com o site Enfoque MS, ela trabalhava na farmácia da unidade de Saúde da Vila Rosa.
Funcionária da Secretaria Municipal de Saúde, Malory seguiu o protocolo e ficou em casa após apresentar os sintomas da covid-19. No entanto, o estado se agravou e ela foi encaminhada no domingo passado para a UTI. A família segue em quarentena e deve ser submetida a novo teste amanhã.
Malory é a primeira heroína da saúde a morrer em decorrência da pandemia em Mato Grosso do Sul. Dezenas de profissionais de enfermagem, médico e dentista já foram diagnosticados com a doença. Magno Portocarrero era dentista e morreu na Capital.
A outra morte foi de Gerson Gama dos Santos, 80, que residia no Distrito de Bocajá, em Douradina. Ele estava internado no Hospital Evangélico, em Dourados. Ele não tinha nenhuma comorbidade, conforme a Secretaria Estadual de Saúde. Ele foi submetido a dois testes rápidos, que deram negativo. Somente o exame feito no hospital deu positivo.
A 31ª vítima era também do sexo feminino, 65 anos, de Dourados, era hipertensa e diabética. MS tem 31 mortes, sendo 8 óbitos em Campo Grande, 5 em Três Lagoas, 2 em Batayporã, 1 em Paranaíba, 1 em Vicentina e 4 em Dourados, 2 óbitos de Brasilândia, 2 em Itaporã, 1 em Iguatemi, 1 em Rio Brilhante, 1 em Sidrolândia, 1 em Ponta Porã, 1 em Corumbá e 1 em Douradina.
Dourados continua líder absoluta no ranking de casos diagnosticados da covid-19, com 1.138. Apesar da situação estar fora de controle, a prefeita Délia Razuk (PTB) descartou adotar isolamento total (lockdown) na segunda maior cidade do Estado. O Ministério Público Estadual deu 48h para a adoção de medidas urgentes para frear a pandemia, como barreiras sanitárias, isolamento social, ampliação de leitos e monitoramento dos pacientes.
“Essas medidas precisam ser adotadas com urgência pelo poder público municipal como estratégia para evitar o avanço exponencial dos casos, como vem ocorrendo, de modo a impedir que o sistema de saúde entre em verdadeiro colapso”, alertou o promotor Ricardo Rotuno.
Com o povo enfrentando filas, dispensando máscaras e até lotando bares, lanchonetes e boates, Campo Grande mantém a curva ascendente no número de casos, com 684 no total. Também foram confirmados mais 11 casos em Rio Brilhante (148), 6 em Corumbá (130) e 10 em Três Lagoas (180).
No sábado, houve demora na transferência de um paciente com sintomas da covid-19 de Naviraí para Dourados, conforme o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende. O mais grave é que ainda há vagas disponíveis na UTI, mas a burocracia atrasou e colocou a vida do doente em risco. “Cada minuto é importante”, ressaltou.
Desolado por não ser ouvido pela população, Resende voltou a repetir o apelo para que a população adote o distanciamento social. A explosão no número de casos reflete a baixa taxa de isolamento social, que caiu ainda mais nos últimos e terá impacto no fim deste mês. As perspectivas para MS não são boas.