O deputado estadual Capitão Contar anunciou, nesta segunda-feira (25), a desfiliação do PSL e ficará definitivamente fora das eleições municipais deste ano. Com a decisão, o partido some na Assembleia Legislativa e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ficará sem candidato a prefeito na Capital.
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Outro defensor do presidente, o deputado estadual Coronel David foi o primeiro a deixar o PSL. Ele conseguiu autorização da Justiça Eleitoral. Como o Aliança pelo Brasil, partido idealizado por Bolsonaro não saiu a tempo das eleições, o militar cogitou se filiar ao DEM para disputar a prefeitura pela segunda vez, mas teve o nome vetado pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
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Contar decidiu seguir o exemplo de David pelo mesmo motivo, fidelidade ao presidente da República. O PSL se afastou de Bolsonaro desde o ano passado e passou até a punir parlamentares que continuavam fieis.
Fiel à linha de Bolsonaro, Contar chegou a desafiar as autoridades de saúde e liderou moto-carreata em do capitão no dia 15 de março deste ano, quando centenas de veículos foram às ruas da Capital. Ele contou que o PSL o vinha pressionando pela postura pró-presidente.
A situação ficou insustentável com a publicação de nota de repúdio no mês passado contra os deputados fieis a Bolsonaro. “Me sinto fortalecido. A situação ficou insustentável, principalmente após as notas de repúdio da agremiação, em final de abril. Foi a gota d’água”, justificou-se.
O anúncio de Contar ocorreu na semana seguinte a exclusão do seu nome como candidato a prefeito da Capital. O deputado federal Loester Trutis, presidente da executiva municipal, lançou o vereador Vinícius Siqueira como candidato a prefeito, por considera-lo mais técnico. Ele não deverá repetir o discurso pro-Bolsonaro do Capitão Contar.
A saída do PSL foi comunicada à presidente estadual da sigla, senadora Soraya Thronicke, e ao Tribunal Regional Eleitoral. “É uma senadora muito responsável e atuante. Tenho certeza que entenderá as minhas razões”, afirmou Contar.
“Há algum tempo compartilho dos mesmos sentimentos dos nossos eleitores. A diferença é que o eleitor pode simplesmente se desfiliar. O eleito, como no meu caso, tem que pedir na justiça, e assim o farei”, anunciou.
Para o deputado, o PSL, que elegeu 53 deputados federais e três senadores, sendo dois deputados federais e uma senadora em MS, na onda do bolsonarismo em 2018, abandonou Bolsonaro. “Houve clara mudança nos objetivos partidários, contradizendo o discurso que elegeu a totalidade de seus correligionários, baseado na mudança, renovação política, ética e transparência”, esclareceu.
Sem chance de obter novo partido para disputar as eleições, Contar tenta deixar claro que não houve rasteira na disputa da prefeitura. “Ao decidir sair do PSL, também abro mão de aceitar o convite da senadora Soraya para concorrer à Prefeitura de Campo Grande. Seria incoerente concorrer de malas prontas para sair. E isso não muda meu apoio a bons nomes para todos os municípios do Estado nas próximas eleições. Essa missão continua”, minimizou.
No entanto, sem Contar e Coronel David, Bolsonaro corre o risco de não ter nenhum candidato para defender suas bandeiras nas eleições municipais deste ano em Campo Grande. O presidente fica órfão justamente em momento crítico, em que se vê atacado pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal Federal.
Conforme a pesquisa da Ranking, feita entre os dias 28 de abril e 2 deste mês, 40,33% dos campo-grandenses avaliam a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima. Ele ainda é aprovado por 29,75%, que o consideram bom e ótimo, enquanto 25,17% avaliam como regular.
O candidato poderia sair em defesa do presidente nos debates e no horário eleitoral, repetindo estratégia de outros.