A ligação de políticos de Mato Grosso do Sul com o crime vem se tornando rotina nos últimos anos. Mais um vereador foi condenado pela Justiça pelo furto de gado. Desta vez, o juiz Rafael Gustavo Mateucci Cassia, da Vara Única de Rio Verde do Mato Grosso, condenou o vereador da cidade, Fábio de Oliveira Souza, o Fabinho Borracheiro, 38 anos, do MDB, a quatro anos, quatro meses e seis dias de reclusão no semiaberto.
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No segundo mandato de vereador de Rio Verde, ele foi preso pelo crime em 7 de fevereiro de 2014. Mesmo com a acusação pesando sobre os seus ombros, ele acabou sendo reeleito com 285 votos em 2016. Na hora de votar, os moradores ignoraram as denúncias de roubo.
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Apesar da vergonha que deve causar aos políticos e eleitores honestos, Fabinho Borracheiro saiu no lucro. Conforme a denúncia do Ministério Público Estadual, o esquema criminoso de furtar gado teria ocorrido por dois anos, entre 2012 e 2014. Na fazenda arrendada pelo emedebista, a polícia encontrou mais de 100 cabeças de gado, a maioria com a marca borrada.
De acordo com o dono da fazenda, os animais eram desembarcados durante a noite ou madrugada. O representante do povo não tinha conta bancária nem cadastro na Iagro. Os animais eram comercializados em dinheiro vivo ou por meio de terceiros.
Além da pena ser em regime semiaberto, o parlamentar não foi condenado por formação de quadrilha, apesar do juiz ter condenado outros três homens pelos crimes. Não foi condenado também a indenizar as vítimas do furto de gado praticada nos últimos dois anos.
Esta é a segunda sentença condenando vereador por furto de gado no Estado. A outra foi contra a vereadora Lenilda Maria Damasceno (PDT), de Aquidauana, condenada a um ano de prisão em regime aberto pela receptação de 43 bezerros furtados.
No caso de Rio Verde, Fabinho Borracheiro chegou a arrendar uma fazenda para colocar os animais furtados. Para o magistrado, não há dúvidas do envolvimento do parlamentar com o crime. “A prova é segura e conclusiva para lastrear a condenação dos acusados pelos 8 (oito) crimes de furto narrados na denúncia. Diante, pois, do conjunto probatório colacionado aos autos, torna-se inviável a absolvição dos acusados”, pontuou Rafael Gustavo.
“Saliento, ainda, que o depoimento do réu Fábio é desconexo e contrário às provas produzidas. Ora, é óbvio que o réu emprestava seu veículo para transporte do gado furtado, depositando-os na fazenda que arrendava, onde, inclusive, procedia a remarcação do gado, tanto que as reses foram encontradas com marcas borradas. Além disso, o réu afirma que sempre negociava gado, entretanto, não cita qualquer pessoa que tenha negociado gado com ele, e as testemunhas que arrolou, afirmaram que negociou gado há mais de 8 anos”, ressaltou.
“Como pode um negociador contumaz de gado (segundo a própria versão do réu – negociava gado, pegava como parte de pagamento em veículos, etc.) não arrolar uma testemunha que confirme que tenha negociado uma cabeça de gado com ele? A resposta é simples: a fazenda que o réu arrendava era um ‘depósito de gado furtado’. Portanto, a versão apresentada pelo réu é falaciosa e divergente das provas”, concluiu o juiz.
Além do parlamentar, o magistrado condenou Ronaldo Ribeiro Melo, 30, Márcio Antônio Morais, 29, Odair José Morais, 31, e Fabiano Vieira de Andrade, 31. A pena máxima foi de Odair, a nove anos e 26 dias, enquanto Márcio e Odair pegaram sete anos e nove meses. Fabiano foi punido com quatro anos e dois meses em regime semiaberto.
À Justiça, o vereador negou o crime. Ele disse que emprestou a caminhonete F-1000 por R$ 150 para transportar bovinos. Ele disse que vendia carros e recebia gado como pagamento. Ele não sabia que o gado era furtado. Ele não tinha inscrição na Iagro para não pagar taxas.
Os crimes de abigeato vêm se somar aos outros envolvendo políticos como tráfico de drogas, caso do prefeito de Aral Moreira, Alexandrino Garcia (PSDB), condenado pela Justiça Federal. O filho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Rodrigo Souza e Silva é réu por roubo na 4ª Vara Criminal de Campo Grande.
Fabinho Borracheiro se filou recentemente ao MDB, que tem como principal liderança política o ex-governador André Puccinelli. Ele é réu por corrupção e já ficou preso por cinco meses acusado de ser um dos chefes da organização criminosa investigada na Operação Lama Asfáltica.
Sem mencionar os casos de corrupção, pagamento de propina, fraudes em licitações, que desviaram bilhões dos cofres estaduais.