A Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) ameaça demitir funcionários em decorrência da crise causada pela pandemia da Covid-19, apesar de ter contabilizado lucro de R$ 83,4 milhões no ano passado. Proibida de cortar o fornecimento de água e esgoto, a concessionária viu a inadimplência atingir 22,7% em abril deste ano.
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Concessionária do serviço de água em esgoto em 68 dos 79 municípios, a estatal conta com cerca de 2,5 mil empregados, sendo 1.560 diretos e em torno de mil terceirizados. O fantasma da demissão foi mencionado em comunicado feito ontem (5) pelo diretor de Administração e Finanças, André Luís Soukef Oliveira. Ele destaca que a crise será de longa duração e cita os resultados negativos.
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“Estamos pagando os salários de todos os empregados hoje. Esperamos que todos contribuam com sua parte para superarmos essa crise e que nós não sejamos parte da triste estatística do desemprego no futuro”, alertou o dirigente. O comunicado é prenúncio de dias sombrios para os trabalhadores, porque se até empresas estatais e concessionárias do serviço público não estão conseguindo manter os empregos, imagine a iniciativa privada que não tem o respaldo da máquina pública.
No mês passado, a Solurb, que recebe em torno de R$ 100 milhões por ano da Prefeitura Municipal de Campo Grande, demitiu cerca de 200 trabalhadores. A concessionária do lixo alegou redução de serviços pelo município.
A Sanesul fechou o ano de 2019 com faturamento de R$ 618 milhões – aumento de 10,73% em relação a 2018, quando a receita bruta somou R$ 558,1 milhões. O lucro da estatal teve queda de 12,56%, de R$ 95,4 milhões para R$ 83,446 milhões.
Conforme o balanço publicado no mês passado, o gasto com encargos e salários do pessoal totalizou R$ 133,4 milhões em 2019, alta de 5,31% em relação aos R$ 126,7 milhões contabilizados no ano anterior.
Por outro lado, o montante gasto com honorários e salários da diretoria e do conselho teve aumento de 41,5%, de R$ 1,204 milhão para R$ 1,704 milhão. A dívida da empresa é de R$ 181 milhões, incluindo a de curto e longo prazo.
No entanto, não é apenas a pandemia que ameaça os lucros milionários da concessionária de água. O Ministério Público Estadual pediu o cancelamento da taxa extra de 17,96%, criado em agosto de 2015, para garantir os investimentos da Sanesul. De acordo com a denúncia, a medida não tem amparo legal, apesar de ter sido aprovada pela Agepan (Agência de Regulação dos Serviços Públicos).
O pedido para suspender a cobrança tramita na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande. O juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva aguarda manifestação do poder público para analisar o pedido de liminar.
Além disso, a empresa pode ter investimento da iniciativa privada para ampliar a cobertura de esgoto no Estado. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) recorreu a PPP (Parceria Público-Privada) para garantir os investimentos. A empresa Aegea, controladora da Águas Guariroba, é a favorita a ficar com a parceria.