O senador Nelsinho Trad (PSD) vai cobrar explicações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ameaça até convocar o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, pelo suposto dossiê contra o primo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A informação é da revista Veja.
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Em mais uma etapa de fritura do ministro da Saúde, o Palácio do Planalto decidiu fazer devassa nos atos do médico campo-grandense. O objetivo é compor um dossiê para desgastar a imagem de Mandetta diante da opinião pública. Ontem, o ministro disse à revista que não aguenta mais e irá deixar o cargo de ministro da Saúde.
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De acordo com o Atlas Político, divulgado pelo jornal El País, graças à atuação diante da pandemia do coronavírus, em que vem se contrapondo publicamente contra Bolsonaro, Mandetta passou a ser o ministro mais popular da Esplanada. Ele é aprovado por 64% dos brasileiros, contra 53% do pop star até então, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
O mesmo levantamento apontou que apenas 23% aprovam a gestão de Bolsonaro, como ótima ou boa.
A demissão de Mandetta vem disputando o espaço político com a pandemia desde o final do mês de março. Em várias ocasiões, Bolsonaro ameaçou demiti-lo, mas acabou recuando diante da pressão de aliados e dos militares.
No domingo, com a entrevista ao Fantástico, da TV Globo, Mandetta acabou selando a exoneração do cargo. Ele fez críticas públicas ao presidente da República. A ala militar do Palácio do Planalto considerou a manifestação como insubordinação e retirou o apoio ao ministro da Saúde. A equipe de Mandetta passou a adotar o tom de despedida da pasta.
Bolsonaro avalia nomes para substituir o ortopedista sul-mato-grossense, como o oncologista Nelson Teich. Outro cotado é o médico Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Israelita Albert Einstein.
Enquanto o presidente vem discutindo os prováveis substitutos, o Palácio do Planalto montou uma equipe de espiões da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e de militares para investigar a conduta de Mandetta no ministério. O objetivo é reunir fatos que desabonem a conduta do ministro e o desgastem na opinião pública.
Presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, o senador Nelsinho Trad reagiu à ofensiva contra o primo. À revista Veja, ele prometeu cobrar explicações de Bolsonaro, de quem é aliado de primeira hora. Ontem, o senador chegou a defender a união do presidente e de Mandetta no combate à pandemia.
“O executivo tem o dever de levantar informações e governar o país, mas não utilizar a sua estrutura para atingir adversários”, destacou Nelsinho.
Ele condenou o processo de desgaste do ministro da Saúde. “O processo de fritura já passou. Agora, estão assando o Mandetta”, ressaltou.
Mandetta foi secretário de Saúde de Campo Grande na gestão de Nelsinho. O parlamentar avaliou que o primo está esgotado. “ “Ele tem trabalhado intensamente. Em uma de nossas últimas conversas, ele disse que estava exausto e queria descansar, porque não aguentava mais a pressão que estava sofrendo”, contou o senador.
“Deputados e senadores são contra a saída do ministro da Saúde. Isso pode prejudicar o andamento das pautas do governo no Congresso”, advertiu Nelsinho, prevendo problemas políticos no Congresso para Bolsonaro com a concretização da demissão de Mandetta.
Atualmente, o Brasil está com quase 30 mil casos da doença e 1,7 mil mortes. O País ocupa a 11º colocação em número de doentes no mundo.