O número de casos confirmados da Covid-19 praticamente dobrou em sete dias em Mato Grosso do Sul, de 48 para 85. No entanto, mesmo com duas mortes confirmadas, a maior parte do sul-mato-grossense ignora o isolamento social e não demonstra medo diante da pandemia. Os moradores de apenas três dos 79 municípios estão cumprindo a risca às recomendações das autoridades para ficar em casa.
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Mesmo com cinco novos casos confirmados nesta quarta-feira (8), elevando para oito doentes na cidade, o prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB), autorizou a reabertura do comércio. Mais da metade dos 113 mil moradores da cidade não respeitam a quarentena, conforme monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde.
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A mesma situação se repete em Nova Andradina, com nove casos confirmados. O isolamento social só é cumprido por 52% dos moradores. Situação semelhante em Batayporã, que enfrenta situação de epidemia, com seis casos confirmados e duas mortes.
Apesar dos números serem, aparentemente, insignificantes diante da situação mundial, com 1,4 milhão de infectados e 83,4 mil mortes, a curva da contaminação começou a se acelerar no Estado. Do dia 1º até hoje, a Secretaria de Saúde confirmou 37 novos casos da doença, contra 48 em 17 dias de março.
Só que até o dia 30 de março, o Estado estava com 36 pacientes infectados pelo coronavírus. Em oito dias, esse número saltou para 85 com duas mortes. O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, já considera assustador o número de casos confirmados no Estado.
Em várias manifestações, ele enfatizou que só o isolamento social poderá conter a doença e evitar que se repita em Mato Grosso do Sul a tragédia registrada na Itália, na Espanha e nos Estados Unidos. No país do presidente Donald Trump, já são mais de 400 mil doentes e quase 13 mil mortos.
Dos 85 infectados pela doença no Estado, 15 estão internados, sendo seis em hospitais públicos e nove na rede privada. Em Campo Grande, até ontem, eram sete internados, sendo seis na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Seis apresentaram piora no estado de saúde e passaram a respirar com ajuda de respiração mecânica.
O maior risco é quando a propagação do coronavírus se acelerar e sair do controle, quando o número de casos na casa dos milhares se multiplica a cada dois ou três dias. Neste contexto, Mato Grosso do Sul não dispõe de leitos de UTI nem na enfermaria para tratar os doentes. Profissionais de saúde só possuem máscaras para determinado período e graças às doações da população e empresários.
Este quadro levou o secretário a suplicar pelo isolamento social da população. A recomendação vai totalmente contra ao comportamento da população. Em Campo Grande, consumidores aproveitaram até para comprar produtos supérfluos e passear pelas lojas do Centro.
Resende anunciou que o Governo pretende implantar o teste rápido, mas ainda só dispõe de condições para realizar 5 mil exames. Ele aguarda a remessa de mais 3 mil testes pelo Ministério da Saúde.
O exame é fundamental para mapear o coronavírus e ajudar as autoridades na política de isolamento. Um indicativo de que a situação está fora de controle pode ser o aumento de 7,65% de mortes por insuficiência respiratória neste ano, de 511 para 550, conforme o Registro Civil. As mortes por pneumonia cresceram 3,29%, de 759 para 784.
A população sul-mato-grossense segue ignorando a única arma adotada contra o coronavírus no mundo: o isolamento social. Dos 79 municípios, 23 estão com até 74% dos moradores nas ruas normalmente, ignorando complemente as recomendações para ficar em casa e evitar aglomerações.
Em 39 cidades, o desrespeito oscila entre 45% e 54%. O exemplo só vem sendo dado pelos moradores de Ladário, Vicentina e Jaraguari, onde até 75% ficado dentro de casa, apesar de nenhum caso ter sido notificado.