O comércio de Campo Grande retoma às atividades nesta segunda-feira (6) depois de 16 dias fechado. No entanto, autoridades, médicos e profissionais da saúde alertam que a Capital pode parar novamente se houver explosão no número de casos da Covid-19 e, o mais grave, por tempo indeterminado. Só as medidas de prevenção, como higienização das mãos e o distanciamento social podem impedir a repetição das tragédias que ocorrem em todo o mundo.
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“Não é época de relaxamento, todos nós estamos vulneráveis”, alerta Marcelo Santana, presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul. Além de reforçar o conselho, o presidente do Sindicato dos Servidores em Seguridade Social, Ricardo Bueno, alerta, de forma enfática, o sistema público não está preparado para a pandemia, porque ainda faltam desde equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde até leitos para receber os pacientes.
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“O distanciamento social é a forma mais eficaz de combate à Covid-19. A responsabilidade de manter Campo Grande a salvo é de todos nós! Se possível fique em casa, se sair, só consuma em locais que lhe garantam segurança”, ressaltou o prefeito Marquinhos Trad (PSD).
A reabertura do comércio, oficinas, mecânicas, consultórios médicos, floriculturas, locadoras de veículos, agências de turismo, clínicas veterinárias, entre outros, ocorrerá em horário especial, das 9h às 16h30. No entanto, os estabelecimentos deverão impor distância de 1,5 metro, fornecer álcool gel e reduzir a capacidade em 70%.
O transporte coletivo ampliará o funcionamento e irá colocar 250 ônibus para circular das 5h às 21h30. O toque de recolher começa às 22h. Como regra, os passageiros deverão transitar sentados e a superlotação, comum no sistema da Capital, está proibida para evitar a propagação do temível coronavírus.
Confira o que abre a partir de segunda (6)
Lojas de roupas e acessório | Corretoras de seguros e serviços relacionados |
Consultórios médicos | Agências de turismo |
Clínicas de fisioterapia | Imobiliárias |
Clínicas veterinárias | Escritórios de advocacia, engenharia e de outros profissionais liberais |
Comércio de veículos e oficinas mecânicas | Cartórios |
Locadoras de veículos | Atividades de contabilidade e afins |
Empresas de informação e comunicação | Seleção e agenciamento de mão de obra |
Estúdios fotográficos | Reparação e manutenção de equipamentos de informática |
Empresas especializadas em flores e plantas ornamentais | Repartições públicas municipais. |
Os locais com grande presença de pessoas vão permanecer fechados, como a Feira Central, Camelódromo, feiras livres, shoppings, galerias de lojas, academias, espaços para shows, escolas, casas noturnas, entre outros.
De acordo com a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), os trabalhadores deverão usar máscaras, inclusive na ida e volta do trabalho. Nas lojas, roupas não poderão ser provadas pelos consumidores.
Conforme o boletim divulgado neste domingo (5), 65 casos estão confirmados no Estado. O coronavírus já circula em 10 municípios com a notificação de um caso em Chapadão do Sul. Só houve o óbito da merendeira aposentada de Batayporã, cidade de 11 mil habitantes com cinco casos positivos. Dourados tem seis.
A Capital está com 43 confirmados, sendo que oito pacientes estão internados. Conforme o mapa disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde, o vírus já circula em 26 bairros, com a confirmação de casos no Santa Fé, Nova Campo Grande, Vila Alba, Universitária II, Residencial Nelson Trad e Vila das Flores (centro).
A pandemia parece sob controle em Campo Grande, apesar de pesquisa aponta o descumprimento da quarentena por 53% dos moradores. Agora, com a liberação das atividades no comércio, especialistas temem que a população enxergue o sinal verde para relaxar nos cuidados.
O presidente do Sindicato dos Médicos alerta que persiste o risco do retorno do isolamento social mais drástico, como vem ocorrendo na Itália, Espanha e China, onde os moradores foram proibidos até de andar sozinhos nas ruas.
A população pode colaborar com o controle ao evitar aglomerações. “Não se toquem, lavem sempre as mãos”, recomenda Santana. Bueno ressalta que os hospitais não possuem estrutura para atender grande número de doentes, caso o fenômeno registrado em outros países se repita em Campo Grande.
Funcionário do Hospital Regional de MS Rosa Pedrossian, referência no tratamento da doença, ele explica que a unidade só tem equipamentos de proteção graças às doações. No entanto, o estoque não será suficiente para atender a demanda por mais de 30 dias.
Como parte do esforço para fiscalizar o cumprimento das medidas de biossegurança, a prefeitura vai colocar 470 pessoas nas ruas, sendo 150 guardas municipais, 130 fiscais da vigilância sanitária, 120 fiscais da Semadur e 70 agentes de trânsito.
A falta de conscientização por parte da população sul-mato-grossense teve repercussão nacional. Um casal de Paranaíba chegou da Bélgica e ignorou as regras de quarentena. Os jovens ofereceram um churrasco para familiares e amigos. A festa terminou na delegacia e o casal pode ter a prisão preventiva decretada quase volte a desrespeitar a recomendação de isolamento social por 14 dias.