Alvo de atentado a tiros na manhã de domingo (16), o deputado federal Loester Trutis (PSL) acusou, em discurso na Câmara dos Deputados, suposta organização criminosa que patrocina políticos de Mato Grosso do Sul. Sem citar nomes, ele disse que a emboscada foi armada pela “quadrilha” que ajudou a eleger os últimos três governadores de Mato Grosso do Sul.
[adrotate group=”3″]
De acordo com o deputado, ele e o motorista foram alvos de nove disparos de submetralhadora .40 a caminho de Sidrolândia. Ele afirmou que está vivo “graças a Deus, a habilidade do motorista e da pistola 380”. O parlamentar estava armado e revidou o ataque, conforme informou em postagem no Facebook.
Veja mais:
Deputado federal de Bolsonaro sofre atentado e sai ileso de emboscada em MS
Três pistas de suposto mandante de atentado contra Bolsonaro disputam recompensa de R$ 250 mil
Após “falha” da PF, Trutis anuncia recompensa de R$ 220 mil por pistas de mandante de atentado contra Bolsonaro
No discurso de seis minutos, ele leu matérias divulgadas pelos meios de comunicação sul-mato-grossense – os quais acusa de serem comprados e de não lhe darem espaço – sobre a Operação Omertà, que prendeu os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, acusados de chefiar organização criminosa. Ele só não falou que os dois estão presos na Penitenciária Federal de Mossoró (RN) e isolados, sem qualquer contato desde 12 de outubro do ano passado.
“Os leigos e engraçadinhos ‘esquecem’ que no MS o crime organizado sempre teve participação na política. Cigarreiros, traficantes e líderes de esquadrões da morte se tornaram vereadores, deputados, e quase fizeram até um governador”, afirmou.
“Todo mundo sabe do que estou falando, mas ninguém toca no assunto. Esses políticos, com a ajuda do crime organizado, colocam milhões de reais na imprensa local, que por isso também não é confiável. Igualmente, ninguém tem coragem de dizer isso! Então, antes de fazer uma piada ou dizer que foi uma simulação, lembre-se que esse grupo está em todas as esferas do poder há mais de 30 anos, e em 2018 eu quebrei esse ciclo ficando com uma das vagas de deputado federal”, afirmou.
“E pior, não me deixei intimidar pelos políticos que tem ligação com esses grupos! Agora um ‘consórcio’ de inimigos se une para acabar comigo”, afirmou. No discurso, o deputado não mencionou o nome de nenhum integrante do consórcio, mas insinuou de serem ligados à família Name.
Trutis disse que passou a ser perseguido porque não aceitou colaborar com o grupo criminoso. Em seguida, ele voltou a atacar os deputados estaduais. Em discurso duro e sem apresentar as acusações, ele afirmou que “um terço dos deputados estaduais deveria estar preso”.
Em seguida, ele destacou que o atual líder do Governo na Assembleia teria se gabado que não conseguiu mais votos porque estava preso. O peesselista não citou nenhum nome, mas o atual líder de Reinaldo Azambuja (PSDB) no legislativo é Gerson Claro (Progressista), que foi preso na Operação Antivírus acusado de comandar esquema milionário de corrupção no Detran.
“Quero dizer para as pessoas de Mato Grosso do Sul que não vão me intimidar, não vão me calar”, bradou na tribuna da Câmara dos Deputados.
Trutis ainda acusou os colegas de parlamento de pagar a imprensa sul-mato-grossense para destruir a sua reputação, porque ele não teria aceitado a proposta do crime organizado. “Recuso a falar com a imprensa de MS”, afirmou.
Desde o atentado, o deputado só vem se manifestando sobre o episódio pelas redes sociais.
Em nota, a Polícia Federal informou que a investigação do atentado contra o deputado é prioridade absoluta.