O preço do etanol disparou nos postos de combustíveis de Mato Grosso do Sul e acumula alta de até 17,14% nos últimos 90 dias. O acréscimo atingiu R$ 0,60 nas bombas, engolindo o efeito da redução do ICMS ao consumidor final, que seria de R$ 0,16 com a redução de 25% para 20% na alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
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Além de não sentir o reflexo da redução no tributo, o consumidor ainda vai sentir no bolso o aumento de 20% no ICMS sobre a gasolina, que passa de 25% para 30% nesta quarta-feira (12). A expectativa é de que o impacto do aumento carga tributária anunciada em novembro pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) eleve o valor do litro do combustível entre R$ 0,22 a R$ 0,30 no Estado.
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De acordo com a pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o custo médio da gasolina ao consumidor é de R$ 4,345 no Estado. Com o aumento do ICMS, o litro passará a custar de R$ 4,58 a R$ 4,64. O menor valor saltará dos atuais R$ 4,099 para R$ 4,33. O preço máximo deve pular de R$ 4,849 para até R$ 5,14.
A última previsão do Sinpetro (Sindicato dos Revendedores dos Derivados do Petróleo) é de que o impacto será acréscimo de R$ 0,24 no litro da gasolina e redução de R$ 0,16 no custo do etanol.
O problema é que o preço do etanol disparou nos últimos três meses, passando de R$ 3,397, em novembro do ano passado, para R$ 3,684 neste mês. Como o aumento foi de R$ 0,28 centavos, a queda de R$ 0,16 não fará recuar ao valor praticado antes do governador sancionar a redução do imposto.
O maior valor praticado no Estado teve majoração de 17,14%, de R$ 3,499 para R$ 4,099. Ou seja, o produto subiu R$ 0,60, mas só terá queda de R$ 0,16 ao consumidor final.
Em relação a fevereiro de 2019, o etanol está 12,5% mais caro, já que o valor médio oscilou de R$ 3,274 para R$ 3,684. O menor preço saltou de R$ 2,949 para R$ 3,439, enquanto o máximo, de R$ 3,699 para R$ 4,099.
Diretor do Sinpetr, Edson Lazarotto, atribuiu a disparada no preço do etano ao período de entressafra da cana-de-açúcar. Ele explica que o produto ficou mais caro em todo o país. O dirigente admite que este aumento quatro vezes acima da inflação oficial não vai recuperar a competividade do etanol em relação a gasolina.
Na hora de abastecer, o proprietário de carro flex deverá fazer o seguinte cálculo, se o preço do etanol equivaler a menos de 70% do cobrado pela gasolina, compensa colocar o derivado da cana. A previsão é de que o combustível produzido a partir do petróleo continue sendo mais vantajoso.
A esperança dos donos de postos é de que o etanol tenha redução no preço com na safra. O presidente da Biosul (Associação do Produtores de Bionergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda, confirmou que é normal o encarecimento no preço do etanol neste período de entressafra no Centro-Sul do País.
“Importante esclarecer que essa cadeia de combustíveis é formada por outros importantes agentes que participam da formação dos preços. Além dos produtores, há distribuidores, tributação e postos de combustíveis. Ou seja, externalidades regionais que podem somar ao momento de entressafra, onde ocorre menor disponibilidade do biocombustível no País”, informou a entidade, em nota.
A revolta com o aumento do ICMS por Reinaldo aumentou ainda mais após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desafiar os governadores a zerar o tributo para reduzir o preço dos combustíveis.
A reunião para discutir o assunto, ontem em Brasília, terminou sem qualquer sinalização de redução para o consumidor. O ministro da Economia, Paulo Guedes, considerou discutir a redução dos tributos sobre gasolina e óleo diesel na reforma tributária, que vai ficar a cargo do Congresso. Bolsonaro desistiu de encaminhar a própria proposta ao parlamento.
Com a decisão, após a esperada reunião, nada muda para o consumidor. Na verdade, muda para pior, no caso de Mato Grosso do Sul, que vai sentir o gosto amargo de pagar mais caro pela gasolina.