Apesar da dívida continuar se multiplicando todo dia, a rede São Bento fechou praticamente todas as farmácias na Capital e fica sem fôlego financeiro para escapar da falência, que será analisada pela assembleia geral dos credores no final de março deste ano. Das 91 lojas, apenas três continuam abertas.
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Maior rede de drogarias de Mato Grosso do Sul, fundada há 72 anos pelo Adib Assef Buainain, afundou ainda mais desde a recuperação judicial, iniciada há cinco anos, em 8 de janeiro de 2015. Na época, a dívida era de R$ 73,9 milhões, superior ao patrimônio de R$ 60 milhões.
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Apenas a dívida do grupo Buainain em tributos cresceu 681% no período, de R$ 4 milhões para R$ 31,2 milhões. Conforme o relatório anexado ao processo pela empresa, que promoveu uma onda de demissões no final do ano passado e início deste ano, só em rescisões trabalhistas, o débito somava R$ 2,125 milhões em dezembro.
A cada dia, novos pedidos de habilitação de crédito de trabalhadores demitidos que já ganharam ações na Justiça do Trabalho. Até dezembro, conforme o relatório apresentado à Vara de Falência e Recuperação Judicial, 23 farmácias estavam funcionando em Campo Grande. Na ocasião, o Administrador Judicial questionou a denúncia da falta de produtos, mas a companhia prometeu resolver o problema.
“De fato, houve inúmeros atrasos por parte das recuperandas, as quais passaram por grandes dificuldades, principalmente ante a impossibilidade de planejamento em longo prazo e a excessiva morosidade do Plano Recuperacional em período anterior à sua aprovação, bem como a sua a homologação do Plano Recuperacional, o qual se encontra pendente de decisão no Superior Tribunal de Justiça”, justificou a São Bento, sobre a perda de fôlego.
No entanto, a situação se complicou e a rede só não desapareceu porque manteve três farmácias abertas na Capital. As demais foram fechadas, inclusive a loja número um, aberta por Adib Buainain em 1948 na esquina das ruas 14 de Julho e Marechal Cândido Mariano Rondon, no Centro de Campo Grande.
A sede da distribuidora de medicamentos do grupo se transformou em igreja evangélica. A empresa 6F alugou o espaço para o Ministério Atos de Justiça, que passou a realizar os cultos de quarta a domingo no local. Outros prédios estão para locação ou deram espaço para lojas de utilidades.
O administrador judicial Fernando Abrahão, da Real Brasil, admite que a situação da empresa ficou ainda mais delicada. “Sem receita, não tem como se recuperar”, lamentou. “A São Bento não está pagando dívidas”, informou, sobre a situação do débito milionário desde o início da recuperação.
A administradora judicial vem organizando a convocação a assembleia dos credores, que deverá ocorrer no final de março. Na reunião, eles deverão instalar o Comitê de Credores e analisar o pedido de falência do grupo. A São Bento conta com aproximadamente 350 credores.
Na manifestação encaminhada à Justiça em dezembro, o grupo ainda mantinha a esperança de resgatar a São Bento. “Espera-se, de fato, que por meio de acordos judiciais, seja oportunizada a quitação e a extinção dos referidos débitos no mais tardar, possibilitando a plena regularização trabalhistas das demandantes”, afirmou o advogado Carlos Alberto Almeida de Oliveira Filho.
Somente após a assembleia dos credores, o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva deverá analisar o pedido de falência do grupo, que poderia levar ao fechamento do restante das farmácias e a nomeação de gestor da massa falida.