O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, faz parte do seleto grupo de servidores beneficiados pela farra dos jetons na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). Como a lei proíbe indicação de integrantes da esplanada dos ministérios para conselhos de estatais, o campo-grandense conseguiu uma boquinha no Conselho do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), que lhe garante extra de R$ 21 mil por mês e garante acréscimo de 67% no salário.
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Mandetta é um dos destaques da reportagem sobre jetom da revista Crusoé no fim de semana. Conforme o Portal da Transparência da União, o cargo de ministro lhe garante subsídio de R$ 30.934,70 por mês. Com o jetom de R$ 21 mil do Senac, ele acaba embolsando R$ 52.392,70 por mês.
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A prática foi duramente criticada nas gestões petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e de Michel Temer (MDB). Para tentar mudar a situação, o Congresso Nacional aprovou lei que proíbe a indicação de políticos, ministros e sindicalistas para conselhos em estatais.
Para tentar a utilização política dos cargos, o Governo passou a exigir reputação ilibada, notório conhecimento, experiência na área de atuação e formação acadêmica compatível com o cargo.
Responsável por sancionar a lei, Temer foi o primeiro presidente a encontrar brecha para premiar um fiel escudeiro. Ele nomeou o ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, para o Conselho de Administração da Itaipu. Para participar de reunião uma vez a cada dois meses, o emedebista vai receber R$ 27 mil por mês.
Um advogado catarinense até acreditou nas reais intenções da lei brasileira, mas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região considerou legal a nomeação de Marun. Para a turma, pelo placar de 2 a 1, Itaipu não se enquadra na Lei das Estatais.
Não é a única. Bolsonaro encontrou nos conselhos das entidades do chamado Sistema S a brecha para indicar ministros. Esse foi o caso de Mandetta, que é médico ortopedista e réu por improbidade administrativa no Escândalo Gisa. Ele é investigado ainda por fraude e peculato na instalação do sistema, que nunca funcionou e custou R$ 8,1 milhões aos cofres públicos há 10 anos.
O cargo de conselheiro do Senac rende R$ 21 mil ainda para o ministro Jorge de Oliveira, secretário-geral da Presidência da República, conforme Crusoé. Só ano passado, 268 servidores receberam R$ 268 milhões em jetons. Mandetta continua com a moral alta junto a Bolsonaro.
No dia 21 de janeiro deste ano, ele nomeou o Carlos Alberto Andrade e Jurgielewicz para o cargo de secretário-executivo ajunto do Ministério da Saúde. Ele é um dos réus, junto com o ministro, nas três ações por improbidade do Gisa, que cobram a devolução de R$ 48 milhões aos cofres públicos.