Impulsionados pelo sucesso do show protesto na manhã deste sábado, artistas, advogados, ambientalistas e representantes da sociedade civil criaram o Movimento S.O.S. Parque. Além da coleta de assinaturas, eles vão fazer apelo aos deputados estaduais e aos desembargadores do Tribunal de Justiça para impedirem o desmatamento do Parque dos Poderes pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
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Apesar do mau tempo, cerca de 450 pessoas compareceram ao ato convocado pela Frente Juristas pela Democracia e ADJC (Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania), que ocorreu das 10h às 14h na rotatória da Avenida Mato Grosso. A manifestação contra o desmatamento do Parque dos Poderes teve shows musicais e coleta de 387 assinaturas pelo tombamento e preservação do espaço inaugurado há 37 anos pelo então governador Pedro Pedrossian.
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Para a advogada Giselle Marques, do movimento Juristas pela Democracia, o evento foi um sucesso. Os deputados estaduais Capitão Contar (PSL), Pedro Kemp e Cabo Almi, ambos do PT, e o vereador Eduardo Romero (Rede) compareceram para demonstrar apoio à preservação de uma das áreas mais belas de Campo Grande. Entidades ambientais, como Ecoa – Ecologia e Ação, e movimentos sociais, como MST e CUT, também reforçaram o protesto.
Oficialmente criado, o Movimento S.O.S. Parque vai pedir aos deputados estaduais, na próxima terça-feira, a apresentação de projeto de lei para suprimir os artigos da Lei 5.237/2018, que permitem o desmatamento de 11 áreas no Complexo dos Poderes. “Se o projeto for aprovado, o Governo não poderá mais desmatar”, explica Giselle.
O grupo também vai acompanhar a sessão da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, na terça-feira à tarde, que decidirá se mantém suspensa a construção do novo prédio da Secretaria Estadual de Fazenda ou autoriza a devastação dos 3,3 hectares de vegetação nativa.
No próximo sábado, nova manifestação voltará a gritar contra o desmatamento do Parque dos Poderes vai ocorrer no coração do comércio de Campo Grande, na esquina da ruas 14 de Julho e Barão do Rio Branco, palco tradicional dos protestos, que já teve atos históricos em defesa do Pantanal nos anos 80 e contra a implantação de usinas, que terminou com a imolação pública do ambientalista Francisco Anselmo de Barros, o Franselmo, em novembro de 2005.
O abaixo-assinado pede o tombamento do Parque dos Poderes. No documento, os advogados destacam que não há necessidade de se derrubar mais árvores para construir estacionamentos, que podem virar verticais, e os prédios públicos podem ser construídos em locais mais acessíveis à população sem promover devastação.
Na ação civil pública contra o desmatamento planejado por Reinaldo, o Ministério Público Estadual alerta para os efeitos devastadores para a Capital. Sem a preservação do Complexo dos Poderes, o lago do Parque das Nações Indígenas pode sumir, repetindo a tragédia ocorrida com o leito de água do Rádio Clube Campo.
Estudos de especialistas apontam para o agravamento das enchentes e alagamentos na Via Parque e no entorno do Shopping Campo Grande. Além disso, o MPE tinha destacado que o legislativo tinha iniciado o tombamento do Parque dos Poderes em novembro de 2018.
Para ajudar o tucano a manter o desmatamento, o presidente da Assembleia, Paulo Corrêa (PSDB), apresentou projeto revogando o tombamento. A proposta foi aprovada por 18 deputados e o Governo ganhou uma nova arma para manter a proposta de substituir árvores por concreto na região.
Os efeitos desta política o campo-grandense já sente na pele com o calorão inédito nos últimos anos. A tendência, conforme ambientalistas, é a temperatura subir mais a cada ano.
Outro reflexo serão as tragédias causadas pelos temporais. O caso mais notório atualmente é Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que teve a maior quantidade chuva em 110 anos. Só neste mês, os temporais deixaram mais de 17 mil pessoas sem casa e mataram mais de 50 pessoas na capital mineira.
Minas Gerais vive uma tragédia anunciada, coisa semelhante o que vem ocorrendo com o Parque dos Poderes em Campo Grande.