Assessor superior da Prefeitura Municipal de Três Lagoas, o professor Guilherme Barbosa Leles, 35 anos, foi preso na noite de Natal por tráfico de drogas em Bauru (SP). Ele e um amigo estavam a caminho de festa rave na Bahia. É o segundo integrante da equipe do atual prefeito, Ângelo Guerreiro (PSDB), acusado pelo mesmo crime. Em 2013, ele chegou a se apresentar como líder do movimento “Vem Pra Rua” e liderou as marchas contra a corrupção na cidade.
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No dia 6 de março do ano passado, a então secretária municipal de Esportes, Juventude e Lazer, Marisa Andrade Rocha, foi presa pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado) acusada de chefiar organização criminosa ligada ao tráfico de drogas.
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Dez meses depois, outro ocupante de cargo comissionado no município, Leles foi preso pela Polícia Militar de São Paulo. Conforme o boletim de ocorrência, na noite do dia 25 de dezembro passado, ele e o amigo, Gabriel Lucas Gomes, 30, tentaram fugir da abordagem a PM no posto de combustíveis de Bauru.
A dupla viajava em ônibus com destino a Bahia, onde participariam do festival cultural. Ao ver os policiais, Gomes tentou se esconder dentro da conveniência do posto. Os policiais o abordaram e descobriram porções de maconha, cocaína, ecstasy e LSD e R$ 1,5 mil em dinheiro. Ele confessou que estava junto com o professor.
Guilherme também tentou fugir da abordagem, mas acabou sendo algemado pelos policiais. Ele estava com 31 porções de maconha, uma pedra escura não identificada, sacos plásticos tipos “zip” para embalar droga e R$ 493 em dinheiro. Ele e o amigo foram presos em flagrante.
Leles é assessor superior lotado na Secretaria Municipal de Educação e tem salário mensal de R$ 4,7 mil, conforme o Portal da Transparência do município. Outra coincidência com Marisa, ele também é filiado ao PSB e foi candidato a vereador nas eleições de 2016. O professor não foi eleito, mas obteve 560 votos e ficou na 30ª colocação.
Marisa teve mais sorte e acabou sendo reeleita em 2016 para o 5º mandato como vereadora ao conquistar 961 votos. No entanto, ela teve o mandato cassado em maio do ano passado, após a sentença por um outro crime transitar em julgado.
A ex-vereadora foi condenada porque a polícia encontrou 200 quilos de maconha no seu sítio em agosto de 2013. A juíza Janine Rodrigues, do 1º Juizado Especial Criminal, condenou a socialista a um mês de prisão no regime aberto e a pagar R$ 3 mil para instituição de caridade.
Como esta sentença transitou em julgado, a Câmara cassou o mandato de Marisa em maio. Ela recorreu à Justiça, mas a juíza Aline Beatriz de Oliveira Lacerda, da Vara de Fazenda Pública de Três Lagoas, negou o mandado de segurança para retomar ao cargo de vereadora. Para a magistrada, ela ainda está inelegível por oito anos.
Guilherme Leles trabalhou como assessor de Marisa na Câmara Municipal de Três Lagoas. Em 2014, ele pegou carona nos movimentos contra a corrupção e chegou a se apresentar como líder do “Movimento Vem Pra Rua” no município. Na época, comprou briga com os vereadores ao fazer críticas ao gastos do legislativo.
No dia 25 de junho de 2013, no ápice dos movimentos contra a corrupção no País, ele chegou a usar a palavra na Câmara Municipal para questionar o gasto dos vereadores com diárias (veja aqui). Vereadores chegaram a pedir sua exoneração, mas Marisa o defendeu dizendo que as críticas foram feitas fora do horário de expediente.
Marisa foi presa em março quando ocupava o cargo de secretária. Ela foi eleita vereadora e nomeada por Guerreiro depois do seu envolvimento com o tráfico de drogas se tornar público.
Sobre a prisão de Guilherme Leles, a prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que “aguarda o fim das investigações sobre o caso envolvendo o assessor público. Após isso, serão tomadas as medidas necessárias.
O professor estava de férias quando foi preso em flagrante por tráfico de drogas.
Este não é o único caso de políticos envolvidos com o crime organizado em Mato Grosso do Sul. O prefeito de Aral Moreira, Alexandrino Arévalo Garcia (PSDB) foi condenado a quatro anos por tráfico de drogas e perda do mandato. No entanto, ele continua no cargo.
Garcia foi condenado por integrar organização criminosa que enviava drogas da Bolívia para a Itália. Inicialmente, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região o condenou a sete anos, mas a pena foi reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça em novembro. Apesar de ter sido condenado a perda do mandato, ele continua no comando da cidade na fronteira com o Paraguai.
Aos poucos, para espanto, o envolvimento de políticos com o tráfico de drogas vem se tornando mais frequente. O mais grave, apesar das denúncias, eles conseguem votos, apoio, fãs, eleitores.