Denunciado por três crimes na Operação Patrón, o empresário Felipe Cogorno Alvarez teve pedido de habeas corpus negado no último dia antes do recesso do Poder Judiciário. Antônio Joaquim da Mota, o Tonho, poderoso e tradicional empresário de Ponta Porã, passou as festas de fim de ano no presídio, onde está desde o final de novembro deste ano.
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O Ministério Público Federal denunciou Alvarez e Tonho pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e de integrar a organização criminosa de Dario Messer, o doleiro dos doleiros (veja a denúncia). Eles são acusados de ocultar US$ 500 mil (R$ 2 milhões) do doleiro, que ficou foragido por mais de ano após ter a prisão preventiva decretada na Operação Câmbio, Desligo, derivada da Lava Jato no Rio de Janeiro.
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O dono do Shopping China ingressou com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça no dia 4 deste mês. No entanto, o ministro Rogério Schietti da Cruz, da 6ª Turma do STJ, só negou o pedido de revogação da prisão preventiva no último dia 19, véspera do recesso do judiciário.
Já Tonho, que também teria dado cobertura na fuga de Messer, teve o habeas corpus negado pela 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região no dia 18 de dezembro. O juiz convocado Gustavo Arruda, relator do pedido, considerou fortes indícios de implicação do empresário no esquema criminoso e ponderou que a soltura representaria ameaça à ordem pública.
O desembargador Paulo Espirito Santo acompanhou o relator, mas o desembargador Ivan Athiê votou pela concessão do habeas corpus a Tonho. No entanto, o pedido acabou negado pelo placar de 2 a 1, conforme a assessoria do TRF2.
Além de passar as festas de Natal e Ano Novo no presídio, o empresário e Alvarez terão outra dor de cabeça, já que foram denunciados por 11 procuradores da República na Operação Lava Jato. Na denúncia de 211 páginas, o MPF aponta um esquema criminoso integrado por 11 brasileiros, sete paraguaios e um uruguaio. O ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, do Partido Colorado, foi um dos acusados formalmente pelos crimes.
A acusação contra Tonho, dono de frigoríficos em Ponta Porã e no Paraná, é baseada em fotografias ao lado do doleiro durante a fuga e de conversas por meio do aplicativo WhatsApp. Em uma, Messer cobra Tonho o repasse de US$ 10 mil para a noiva, Myra Athayde. O empresário faz o depósito e envia o comprovante.
Em outro diálogo, os dois acertam que a esposa de Tonho, Cecy Mendes Gonçalves da Mota, entregue US$ 3 mil para a namorada do doleiro em Bariloche. O dinheiro seria destinado para Myra fazer compras.
Em depoimento à Polícia Federal em Ponta Porã, Mota ratificou declaração anterior e confirmou que recebeu US$ 232 mil do doleiro. Apesar de não ser banco ou outra instituição financeira, ele aceitou ocultar o dinheiro e fazer o repasse para Dario Messer ou sua noiva, conforme as solicitações.
Já Felipe Alvarez teria recebido o US$ 260 mil em Assunção para ocultar para o doleiro. A PF encontrou mensagens entre o dono do Shopping China e Messer, que era identificado como Alberto, e com o doleiro Najur Turner, de quem ele admitiu ser amigo. Há fotos de bilhetes e presentes de Alvarez para o doleiro paulista.
Cecy Mendes teve mais sorte já que conseguiu habeas corpus mediante pagamento de fiança de R$ 250 mil. O alvará de soltura do Presídio Feminino de Ponta Porã foi assinado pela juíza substituta Caroline Vieira Figueiredo, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro.
Aliás, outro problema para os acusados é que o processo tramita na 7ª Vara Federal carioca, comandada pelo juiz Marcelo Bretas, a versão carioca de Sérgio Moro, atual ministro da Justiça.
O magistrado ganhou fama ao mandar prender empresários e políticos poderosos, como os ex-governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, e o ex-presidente da República, Michel Temer.
Matéria editada para corrigir a informação sobre o dono do Shopping China. Apesar de constar como preso no STJ, ele não teria sido preso pela PF. (editada às 9h40)