Mesmo com a piora no transporte coletivo de Campo Grande, com a redução no tamanho dos veículos e mais casos de ônibus com problemas mecânicos, a tarifa deve ter reajuste de 4,12% – elevando o valor atual de R$ 3,95 para R$ 4,11. O reajuste será acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 3,32%, considerando-se o IPC (Índice Preços ao Consumidor) calculado pela Uniderp-Anhanguera.
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Por outro lado, o índice poderá ser o menor dos últimos seis anos, quando a correção variou entre 6,75% a 11,1%. A proposta de aumento foi aprovada nesta quinta-feira (19) pelo conselho da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos). Para entrar em vigor, o novo valor precisa do aval do prefeito Marquinhos Trad (PSD).
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O Consórcio Guaicurus, que detém a concessão do sistema desde outubro de 2012, queixou-se da demora do reajuste. A data-base estaria com dois meses de atraso. O último reajuste ocorreu no dia 3 de dezembro do ano passado, quando a tarifa passou de R$ 3,70 para R$ 3,95.
A correção considerou o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o aumento no custo das peças e dos combustíveis, do reajuste salarial dos trabalhadores do transporte coletivo e a volta gradual do ISS (Imposto Sobre Serviços). As empresas da família Constantino estavam isentas, mas voltarão a pagar a partir de 2020.
Confira a evolução da tarifa na Capital
Ano | Rejuste | Valor |
2014 | 11,10% | R$ 2,70 para R$ 3 |
2015 | 8,33% | R$ 3 para R$ 3,25 |
2016 | 9,23% | R$ 3,25 para R$ 3,55 |
2017 | 7,04% | R$ 3,55 para R$ 3,70 |
2018 | 6,75% | R$ 3,70 para R$ 3,95 |
2019 (*) | 4,12% | R$ 3,95 para R$ 4,11 |
(*) valor previsto
Apesar de legal e previsto no contrato, o reajuste é inoportuno. O salário mínimo terá correção de apenas 3,3%, de R$ 998 para R$ 1.031.
Outro problema é que os passageiros passaram a sofrer com mais frequência transtornos nas viagens dos ônibus urbanos na Capital. Só no mês de novembro, conforme o Midiamax, foram quase dez ocorrências de veículos quebrados no percurso, obrigando passageiros a seguir a pé ou retornar ao terminal.
O ponto alto foi o protesto no Terminal Morenão no dia 15 de novembro deste ano, quando mulheres decidiram protestar contra a demora do ônibus e acabaram sendo reprimidas pela Guarda Municipal. Na ocasião, o consórcio admitiu que a espera atingiu 35 minutos – sete vezes acima do ideal.
O consórcio passou a ser investigada pelo Ministério Público Estadual por suposta fraude e direcionamento na licitação realizada em 2012, no último ano da gestão de Nelsinho Trad (PSD). Conforme delação premiada feita no Paraná, um grupo participou da licitação para simular concorrência e a família Constantino, que controla as quatro empresas na Capital, teria participado da formulação do edital.
Apesar da gravidade das denúncias e das queixas cada vez mais frequentes, os vereadores foram contra abrir CPI para investigar o transporte coletivo em Campo Grande. Dos 29 parlamentares, somente sete assinaram o requerimento proposto por Vinícius Siqueira (DEM): André Salineiro e Dr. Lívio, do PSDB; Dr. Loester e Dr. Wilson Sami, do MDB; Enfermeira Cida Amaral (PROS) e Papy (SD).
O transporte coletivo da Capital não cumpriu ainda a promessa feita há sete anos de colocar ar-condicionado e Wi-Fi nos ônibus. Os passageiros estão pagando mais caro, mas veem piora no serviço, como superlotação, atraso nas linhas e veículos velhos.
Apesar dos problemas, a tarifa deverá acumular alta de 52,22% entre 2014 e 2019, considerando-se que o valor saltará de R$ 2,70 para R$ 4,11. Caso a correção fosse feita pela inflação, o valor da tarifa deveria ser de R$ 3,69, abaixo do valor cobrado há 12 meses.