A Polícia Federal confundiu o número do telefone de um corretor de imóveis morto há dois anos com um famoso narcotraficante. Com base nessa informação errada, a Operação Lava Jato no Rio de Janeiro acusou a empresária Cecy Mendes Gonçalves da Mota, presa com o marido e os filhos na Operação Patrón no dia 19 de novembro deste ano, de ter ligação com o tráfico de drogas, segundo o portal Uol.
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De família tradicional na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, dona de fazendas e frigoríficos no Estado e no Paraná, Cecy, o marido, Antônio Joaquim da Mota, o Tonho, e os filhos, Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota e Orlando Mendes Gonçalves Stedile, foram presos por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Eles são acusados de dar cobertura na fuga de Dario Messer, conhecido como o doleiro dos doleiros e de ter lavado US$ 1,6 bilhão.
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Segundo o Uol, Cecy Mendes, que está no Presídio Feminino de Ponta Porã, tinha na agenda o telefone de Cabeça Branca. A Operação Lava Jato, notória pelo combate sem precedentes à corrupção no País, ligou o número ao megatraficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca.
Só que o número encontrado na agenda da ponta-poranense é do corretor de imóveis Luiz Milton Leonardo de Almeida, que tem o mesmo apelido e era natural de Ponta Porã. Ele morreu em agosto de 2017. O Uol ligou para o número e falou com a viúva, Sônia Maria de Almeida, 61 anos.
“Esse número sempre foi do meu marido. Estou muito triste com essa confusão”, contou Sônia. “Meu marido sempre trabalhou como corretor. Nunca teve nenhum problema com a polícia. Agora, aparece aí como esse traficante de drogas que nunca vi na vida”, lamentou.
“Agora a cidade inteira está me ligando, fazendo piada, dizendo que vou ser presa”, revelou a viúva, que trabalha como cuidadora de idosos.
Sônia contou que o marido era de Ponta Porã e prestou um serviço para Cecy. A família Mota planejava vender um imóvel e pediu ao amigo que fizesse avaliação.
O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e a Polícia Federal confirmaram a confusão sobre o dono do número de telefone. No entanto, em nota, mantiveram a suspeita de ligação de Cecy Mendes com o tráfico de drogas.
“Por meio da análise dos arquivos de nuvem (icloud) de Cecy Mendes Gonçalves da Mota, constatamos que ela possui proximidade com vários membros da família Rafaat Toumani [traficante executado em 2016], assim como diversas outras pessoas relacionadas ao tráfico de drogas”, informou o MPF à Justiça Federal.
Sobre a prisão, o órgão justificou que a família Mota teve a prisão preventiva decretada porque ajudou na fuga do doleiro Dario Messer. Eles o teriam escondido em suas propriedades rurais no Paraguai.
Nessa mesma operação, o magistrado decretou a prisão do empresário Felipe Cogorno Alvares, dono do Shopping China. A prisão foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região e agora o habeas corpus é analisado pelo ministro Rogério Schietti Cruz, da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça.
O ex-presidente do Paraguai, Horácio Cartes, conseguiu habeas corpus no STJ para revogar a prisão preventiva. Ele fez pedido para a Justiça brasileira para ser investigado e julgado no Paraguai.