O ônibus quebrar durante o percurso não é o único problema no transporte coletivo de Campo Grande. O risco de o passageiro sofrer acidente é maior hoje. O número de ações contra o Consórcio Guaicurus por acidentes explodiu na Justiça e vão desde simples fratura no pé como casos mais graves, como amputar uma das pernas ou passar a andar de cadeira de rodas.
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Conforme o site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, foram protocoladas 23 ações contra o consórcio neste ano, contra apenas três no ano passado. O pedido de indenização oscila entre R$ 10 mil e R$ 333 mil.
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Jornais e sites passaram a noticiar com frequência veículos com pane ou quebrados no percurso e passageiros obrigados a concluir o percurso a pé. Só no mês de novembro, conforme o Midiamax, oito ônibus interromperam a viagem em decorrência de problemas mecânicos.
Além do descumprimento do contrato de concessão firmado há sete anos, o Consórcio Guaicurus ainda é alvo de outros inquéritos no Ministério Público Estadual. Delação premiada feita no Paraná aponta direcionamento na licitação para favorecer as quatro empresas controladas pela poderosa e influente família Constantino. De acordo com a denúncia, a concorrência teria sido simulada.
No entanto, apesar das denúncias e das queixas dos usuários, a Câmara Municipal resiste em criar a CPI do Transporte Coletivo. Dos 29 vereadores, só sete assinaram o requerimento: Vinícius Siqueira (DEM), André Salineiro e Dr. Lívio, do PSDB, Dr. Loester e Dr. Wilson Sami, do MDB, Enfermeira Cida Amaral (PROS) e Papy (SD).
Além dos transtornos diários, como superlotação, atraso nas linhas e ônibus velhos, o transporte coletivo vem causando acidentes com graves sequelas em alguns passageiros.
Uma adolescente de 17 anos, que trabalha como auxiliar administrativo, fraturou o pé ao descer do coletivo na Rua 13 de Maio no dia 28 de agosto deste ano. Ela foi obrigada a usar bota gessada por 60 dias e pede indenização de R$ 10 mil.
Os vereadores contra a CPI para investigar irregularidades no transporte coletivo
Ademir Santana (PDT) | Fritz (PSD) |
Ayrton Araújo (PT) | Gilmar da Cruz (Republicanos) |
Betinho (Republicanos) | João César Matogrosso (PSDB) |
Carlão (PSB) | Júnior Longo (PSB) |
Cazuza (PP) | Odilon Oliveira Júnior (PDT) |
Dharleng Campos (PP) | Otávio Trad (PTB) |
Chiquinho Telles (PSD) | Pastor Jeremias Flores (Avante) |
Delegado Wellington (PSDB) | João Rocha (PSDB) |
Dr. Antônio Cruz (PSDB) | Valdir Gomes (PP) |
Dr. Cury (sem partido) | Veterinário Francisco (PSB) |
Eduardo Romero (Rede) | William Maksoud (PMN) |
Outra passageira, acompanhante de idosos, bateu na catraca após o veículo sofrer uma freada brusca. Sem acompanhamento da concessionária de ônibus, ela foi ao posto de saúde e constatou a fratura de várias costelas.
Uma viúva foi arrastada pelo ônibus após a perna esquerda ficar presa na porta dentro do Terminal Júlio de Castilho no dia 16 de maio deste ano. Ela foi socorrida pelo Samu, sofreu várias lesões e cobra indenização de R$ 50 mil.
Uma diarista aposentada de 72 anos foi atropelada ao tentar subir no ônibus na Avenida Calógeras, no Centro, no dia 4 de setembro deste ano. Conforme a ação judicial, ela foi submetida a cirurgia por cinco horas, ficou internada no Centro de Tratamento Intensivo por vários dias e teve a perna esquerda amputada.
Atualmente, a mulher só vive na cama e passou a depender 24 horas de familiares e amigos para realizar todas as necessidades. Ela pede pensão de um salário mínimo, indenização por danos materiais de R$ 50 mil e danos morais de R$ 199,6 mil.
Sete vereadores apoiam criação de CPI
André Salineiro (PSDB) |
Dr. Loester (MDB) |
Dr. Lívio (PSDB) |
Enfermeira Cida Amaral (PROS) |
Dr. Wilson Sami (MDB) |
Papy (SD) |
Vinícius Siqueira (DEM) |
Outra tragédia dentro do coletivo ocorreu com um entregador que voltava para casa. O motorista não viu e passou em alta velocidade sobre o quebra-molas. O passageiro foi jogado para o alto e desmaiou ao cair sentado. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado para a Santa Casa, onde ficou internado por quatro dias e a deixou de cadeira de rodas.
De acordo com a defesa, o entregador pede indenização de R$ 333 mil, sendo R$ 200 mil por danos morais, R$ 100 mil por danos estéticos e R$ 748 de danos materiais. Todas as ações tramitam nas Varas Cíveis de Campo Grande.
No ano passado, foram apenas três ações judiciais contra o consórcio em decorrência de acidentes de trânsito. Neste ano já são 23 ações, sem considerar os processos pedindo indenização.
O aumento no número de acidentes pode ser reflexo das condições de trabalho dos motoristas ou da precariedade da frota. No início do ano, o consórcio admitiu que não tinha condições de substituir os veículos velhos. Os novos veículos só começaram a chegar no fim do ano.