A Justiça Federal do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva do empresário Felipe Cogorno Alvarez, dono do Shopping China, “meca das compras” dos sul-mato-grossense em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Ele é acusado de ter ocultado R$ 2,1 milhões para o doleiro Dario Messer, que teve a prisão decretada na Operação Câmbio Desligo e ficou foragido entre maio de 2018 e julho deste ano.
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A Operação Patrón, desdobramento da Lava Jato, cumpre 20 mandados de prisão, inclusive contra o ex-presidente do Paraguai e empresário, Horacio Cartes. As prisões foram decretadas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio de Janeiro. (veja a nota do MPF)
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Além de Alvarez, o empresário Antônio Joaquim da Mota, o Tonho, e sua esposa, Cecy Mendes Gonçalves da Mota Joaquim, tiveram a prisão preventiva decretada e foram alvos de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal. Os filhos do casal, Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota e Orlando Mendes Gonçalves Stedile (enteado de Tonho), tiveram a prisão temporária decretada.
Alvo da Operação Câmbio Desligo, o doleiro Dario Messer é acusado de lavar US$ 1,6 bilhão para políticos, empresários, artistas e jogadores de futebol por meio de 3 mil offshores em 52 países. De acordo com o Ministério Público Federal, a ramificação no Paraguai foi mapeada a partir dos celulares, computadores e documentos apreendidos com o doleiro em São Paulo, além de análise de dados telemáticos obtidos com autorização judicial.
Integrante da Câmara de Comércio de Amambay, no Paraguai, Felipe Cogorno Alvarez visitava o doleiro Najun Turner, foragido da Justiça, em São Paulo e ajudou a ocultar US$ 500 mil para Messer. Ele teria entregue a fortuna, equivalente a R$ 2,1 milhões na cotação do dólar desta terça-feira, no seu escritório em Assunção para a noiva de Dario Messer, Myra de Oliveira Athayde.
Graças a indicação do dono do Shopping China, a namorada entregou o dinheiro para o doleiro paraguaio Lucas Paredes. Extratos apreendidos com Dario Messer mostram o repasse de US$ 260 mi a Felipe no dia 20 de janeiro deste ano.
Em outra conversa analisada, o dono do maior centro de comércio de Pedro Juan discute sobre contrabando de pneus com Turner. “Em diálogos entre NAJUN e COGORNO destacados pela PF ambos falam sobre esquema de contrabando de ‘pneus’, e o primeiro da sua grande preocupação em EDGAR da FE CAMBIOS ser uma pessoa confiável, já que DARIO não estaria em condições de correr riscos financeiros naquele momento. Claro que todos sabiam que DARIO era foragido nas justiças do Brasil e do Paraguai”, pontua o MPF na petição encaminhada à Justiça.
Dono dos frigoríficos Frigoforte, em Ponta Porã, e Silverbeef, no Paraná, Antônio Joaquim teve a prisão preventiva decretada porque deu cobertura à fuga de Dario Messer ao abriga-lo em suas propriedades no Paraguai. Os policiais federais descobriram a estadia do doleiro durante a fuga nas propriedades da família Mota graças ao acesso do wi-fi.
“A PF encontrou num dos nos celulares de DARIO registros de fotografias e acessos à rede Wi-fi da FAMÍLIA MOTTA de maio a setembro de 2018, evidenciando que essa família abrigou DARIO MESSER em um de seus imóveis na (endereço) , local em que MYRA ATHAYDE ia encontrá-lo. No mesmo celular, foi identificado o acesso de DARIO à rede Wifi Motta nos períodos de 30/05/2018 a 30/06/2018 e nos dias 02, 03 e 29 de julho de 2018”, relata a procuradoria.
Além disso, em conversas por meio dos aplicativos, a PF descobriu que ele tinha o compromisso de entregar US$ 10 mil por mês para a noiva do doleiro, Myra Athayde. Em uma das conversas, a noiva do doleiro chega a debochar da fartura. “Não consigo nem raciocinar tanto dinheiro por minuto kkkkk Só quero os 10 do Tonho”, escreveu.
A esposa e os filhos de Tonho se encontravam com Myra em viagens internacionais, como Nova Iorque, nos Estados Unidos, e Bariloche, na Argentina,
Para a PF e o MPF, o empresário tem ligação com o contrabando de cigarros e tráfico de drogas e armas. Em interceptações telefônicas, feitas com autorização da justiça, o filho e o enteado de Tonho encomendam dois fuzis G36.
Veja a relação das prisões decretadas, conforme o MPF:
Prisão preventiva
1. Dario Messer (doleiro);
2. Myra de Oliveira Athayde (namorada de Messer)*
3. Alcione Maria Mello de Oliveira Athayde (mãe de Myra)*
4. Arleir Francisco Bellieny (padrasto de Myra)*
5. Roland Pascal Gerbauld (doleiro investigado por lavar dinheiro nos Estados Unidos e Bahamas)*
6. Roque Fabiano Silveira (empresário na fronteira, portador do pedido de dinheiro de Messer para Cartes)
7. Lucas Lucio Mereles Paredes (doleiro da rede de Messer há uma década)
8. Najun Azario Flato Turner (doleiro atualmente foragido que ajudou Messer após ele voltar para o Brasil)*
9. Luiz Carlos de Andrade Fonseca (doleiro, sócio da Entertour, usada para remessas feitas a Messer)*
10. Felipe Cogorno Alvarez (empresário do grupo Cogorno investigado por ocultar US$ 500 mil para Messer)
11. Edgar Ceferino Aranda Franco (doleiro, dono da FE Cambios SA, usada como cofre para dinheiro ilícito)
12. José Fermin Valdez Gonzalez (doleiro, gerente da FE Cambios SA)
13. Jorge Alberto Ojeda Segovia (“Finolo”, doleiro com longa parceria com Messer)
14. Maria Letícia Bobeda Andrada (advogada filha de senador que ocultou US$ 150 mil de Messer para fins ilícitos)
15. Antonio Joaquim da Mota (“Tonho”, empresário ligado a crimes com cigarros, drogas e armas e que abrigou Messer em propriedades da família no Paraguai)*
16. Cecy Medes Gonçalves da Mota (mulher de Tonho)*
17. Horácio Manuel Cartes Jara (“patrão”, político com empresas em vários setores)
Prisão temporária
18. Valter Pereira Lima (doleiro)*
19. Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota (filho de Tonho e empresário no Brasil e Paraguai)*
20. Orlando Mendes Gonçalves Stedile (enteado de Tonho)*
*alvos também de busca e apreensão