Com patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 15,9 milhões, o primeiro secretário da Assembleia Legislativa, Zé Teixeira (DEM), usou dinheiro público para pagar rodízio de churrasco, cerveja belga e até pratos finos para amigos em São Paulo. Conforme o site Congresso Em Foco, o democrata usou R$ 1.640,50 da verba indenizatória, que deveria ser utilizada para o custeio da atividade parlamentar.
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As notas fiscais foram descobertas pela organização não governamental OPS (Operação Política Supervisionada), que conta com ajuda de voluntários para identificar irregularidades em mais de mil documentos disponibilizados pelo legislativo estadual (veja aqui).
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Pela legislação, a CEAP (Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar) só poderia ser destinada para o custeio do mandato e, jamais, usada para pagar bebida alcoólica. O primeiro a ser alvo da denúncia foi Pedro Kemp (PT), que obteve reembolso de R$ 1.784 gastos em uma pizzaria na comemoração de fim de ano da equipe, que inclui rodízio, refrigerante, cerveja e duas garrafas de vinho. O petista anunciou a devolução do dinheiro.
Agora, o alvo da denúncia é Zé Teixeira, que comanda a primeira secretária, responsável pelas finanças da Assembleia, desde 2015. No sétimo mandato como deputado estadual, ele ocupa o segundo cargo mais importante na mesa diretora pela terceira vez.
O milionário parlamentar usou dinheiro público em um restaurante da Rua da Consolação, em São Paulo (SP). Conforme a nota fiscal, o legislativo bancou três pratos de filé mignon, um de lulas frescas, um quilo de cordeiro assado, ravióli, cinco garrafinhas de cerveja belga e muita água. Em 16 de dezembro de 2016, a conta ao contribuinte sul-mato-grossense custou R$ 605.
Um quilo de cordeiro assado é suficiente para contemplar a fome de quantas pessoas?
Em janeiro de 2017, não contenta com a festança na terra da garoa, Zé Teixeira foi a uma churrascaria de Dourados, cidade onde reside e tem empresas. O deputado usou o dinheiro público para pagar oito rodízios de churrascos e muita água, que custaram R$ 500 – nem um centavo a mais, nem um a menos. Este valor está sendo liberado pelo Governo federal do FGTS.
De acordo com o Instituto OPS, o democrata voltou a usar o dinheiro público em março de 2017 para pagar pratos com cortes finos de carne para cinco pessoas. O contribuinte sul-mato-grossense pagou R$ 535,50 pela conta de Zé Teixeira, que viu o patrimônio crescer R$ 1 milhão entre R$ 2014 e 2018, conforme o site.
O parlamentar e a assessoria ignoraram os pedidos de esclarecimento da OPS e do Congresso em Foco.
Como Zé Teixeira é o responsável pela chave do cofre do legislativo, a denúncia não deve ter a mesma repercussão da história envolvendo Kemp nos jornais, sites e emissoras de televisão do Estado de Mato Grosso do Sul. Esse compromisso de divulgar a história caberá a você leitor, que sentir indignado e revoltado com a má utilização do dinheiro público.
O democrata aprovou todas as medidas propostas pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) em decorrência da suposta crise nas finanças estudais, como a elevação da alíquota previdenciária de 11% para 14%, o congelamento dos gastos públicos por cinco anos e a redução de 32,5% nos salários dos professores da rede estadual.
Um professor ganha R$ 3 mil, enquanto o deputado recebe R$ 25,2 mil por mês. Zé Teixeira ainda recebia aposentadoria, que foi considerada ilegal pelo Tribunal de Contas do Estado – não há informação se ele continua recebendo o benefício de R$ 30 mil por mês.
Enquanto isso, falta dinheiro para saúde, educação, segurança, assistência social…
Zé Teixeira foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1994 pelo PFL. Ele acabou sendo reeleito no ano passado apesar de ter sido preso em 12 de setembro na Operação Vostok, que apura o suposto pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
No início do mês passado, ele foi convocado novamente pela Polícia Federal, na condição de investigado, para prestar o segundo depoimento na mesma operação. O democrata emitiu R$ 1,6 milhão em notas frias para legalizar a suposta propina paga pela JBS ao tucano. A denúncia consta da delação premiada do grupo homologada pelo Supremo Tribunal Federal em 2017.
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