O filho e o primo do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) encomendaram o roubo da propina e até o assassinato do corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco, segundo o Fantástico. No entanto, no ano passado, a TV Globo ignorou a denúncia para não prejudicar a campanha pela reeleição do tucano, que acabou reeleito com mais de 677 mil votos no segundo turno.
Conforme a emissora carioca, o advogado Rodrigo Souza e Silva, 30 anos, e o sargento da Polícia Militar, Hilarino Silva Ferreira, o Lino, viraram réus por roubo majorado. O primo do governador teria intermediado a contratação dos cinco presos por roubar a propina de R$ 270 mil. (veja a matéria aqui)
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É a segunda vez que o chefe do Poder Executivo de Mato Grosso do Sul é destaque negativo no programa dominical. Em 28 de maio de 2017, o Fantástico divulgou a denúncia feita pelo curtume Braz Peli e dois frigoríficos, de que a cúpula tucana cobrava propina para conceder ou manter os incentivos fiscais.
Na ocasião, Polaco foi gravado recebendo R$ 30 mil em dinheiro. Na época, o empresário José Alberto Miri Berger afirmou que era parte do pagamento da propina para retomar o incentivo fiscal do curtume. No ano passado, ele mudou a versão, o que levou o Superior Tribunal de Justiça a absolver Reinaldo desta denúncia.
De acordo com a TV, investigação do Ministério Público Estadual revelou que Polaco receberia R$ 300 mil por mês para manter o silêncio. Ele pretendia comprar uma fazenda no Maranhão. O corretor teria recebido dois pagamentos entre maio e novembro de 2017. O terceiro repasse foi roubado.
Como Polaco estava cobrando pelo silêncio, segundo o depoimento do pedreiro Luiz Carlos Vareiro, o Véio, exibido pelo Fantástico, Rodrigo e Lino decidiram eliminá-lo. No percurso entre Aquidauana e Campo Grande, o grupo jogaria o carro do corretor de gado para fora da estrada e o mataria. No entanto, conforme Véio, Polaco viajou junto com a esposa e o filho. Então, ele desistiu do plano de mata-lo porque pensou na criança.
Esse plano para tentar matar Polaco foi citado no despacho da Operação Vostok, de 12 de setembro do ano passado, pelo ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça. O magistrado destacou que o objetivo era evitar a delação premiada de Polaco, acusado de ser o arrecadador da propina para o governador.
O grupo foi contratado para recuperar a propina em 27 de novembro de 2017. Lino teria entregue R$ 300 mil para o comerciante Ademir José Catafesta no estacionamento do Comper da Rua Joaquim Murtinho, no Bairro Miguel Couto. Inicialmente, eles achavam que Polaco receberia a grana e poderiam retomar o plano de executá-lo.
Os cinco participantes do roubo foram presos seis dias depois pelo Batalhão de Choque. Quatro confessaram que participaram do assalto a pedido do filho do governador. Um até chega a dizer que não teria problema porque estava roubando dinheiro roubado.
O MPE quebrou os sigilos telefônicos do filho e do primo de Reinaldo. A investigação revelou que o sargento da PM pegou a propina na empresa de Rodrigo e a levou até o Comper, onde houve a entrega. Ademir Catafesta foi roubado às 15h30 na BR-262, na altura da Vila Jamic. Ele só registrou o roubo no dia seguinte, por volta do meio-dia.
A denúncia do roubo da propina foi revelada pelo O Jacaré em dezembro de 2017. Na época, o Fantástico não divulgou detalhes da investigação. Em setembro, quando o STJ voltou a destacar o suposto crime, a TV Globo ignorou novamente a denúncia para não prejudicar a reeleição de Reinaldo.
Somente neste domingo, após o Tribunal de Justiça aceitar a denúncia contra Rodrigo, por unanimidade, a TV Globo decidiu abordar a denúncia. A 2ª Câmara Criminal acatou o pedido do Ministério Público na terça-feira (17).
Já a denúncia contra Lino e os outros cinco envolvidos no roubo foi aceita pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande. Ela também vai conduzir o processo contra Rodrigo.
Em entrevista ao Fantástico, o advogado Gustavo Passarelli, ressaltou que não há provas do envolvimento de Rodrigo com o roubo da propina. Ele disse que o filho de Reinaldo é vítima da investigação, que foi conduzida pelo promotor Marcos Alex Vera de Oliveira.
Já o advogado de Polaco, José Roberto Rodrigues da Rosa, negou que seu cliente tenha exigido ou recebido propina paga por Reinaldo ou seu filho. Curiosamente, Polaco estaria residindo no Pará. Este foi um dos motivos dele ser convocado para prestar depoimento na Operação Vostok no início deste mês em Brasília (DF).
Ontem, o governador falou sobre a denúncia do Fantástico e ressaltou que o filho é inocente. Ele acusou o programa de ser sensacionalista e mentiroso. Para o tucano, a TV Globo requentou a denúncia.
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