A Força-Tarefa da Polícia Federal ouviu o pecuarista Élvio Rodrigues, dono da “emblemática” Fazenda Santa Mônica, e acusado de emitir o maior valor em notas frias para legalizar a propina paga ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB). O primeiro secretário da Assembleia Legislativa, deputado estadual Zé Teixeira (DEM), que emitiu R$ 1,692 milhão em notas falsas (veja aqui), entrou e saiu pelos fundos da delegacia para prestar depoimento.
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O mesmo tratamento teve o empresário Ivanildo da Cunha Miranda, responsável pela delação premiada na Operação Lama Asfáltica que levou à prisão do ex-governador André Puccinelli (MDB), principal adversário do tucano.
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Delegados da PF de Brasília fazem mutirão para ouvir 110 pessoas, entre investigados e testemunhas, sobre a propina paga a Reinaldo. O esquema criminoso teria causado prejuízo de R$ 207,7 milhões aos cofres estaduais.
Élvio Rodrigues prestou depoimento de manhã e chegou acompanhado pelo advogado Gustavo Passareli, que defende o governador e acompanhou a oitiva do irmão do tucano, o pecuarista Roberto de Oliveira Silva, o Beto Azambuja, conforme o Midiamax.
O produtor rural emitiu R$ 9,183 milhões em notas, conforme a delação da JBS, que representa 13,5% do total da suposta propina paga a Reinaldo em troca de incentivos fiscais (veja aqui). Apesar da alegação de que não cometeu nenhuma irregularidade, o fazendeiro usou a discrição para prestar depoimento e sem ser fotografado pelos jornalistas.
Élvio é dono da Fazenda Santa Mônica, que desmatou 20.526 hectares no Pantanal sul-mato-grossense. O Governo do Estado usou de todos os recursos para liberar o desmatamento, que ameaça a fauna, a flora e a preservação da planície pantaneira, segundo parecer do Ministério Público Estadual.
Zé Teixeira prestou depoimento por aproximadamente uma hora de manhã. Ao contrário do dito pelo advogado ontem, o democrata estava intimado para depor nesta quarta-feira (4). “Todas as perguntas eram referentes a compra e venda de gado à JBS”, afirmou o advogado Carlos Marques ao Midiamax.
O primeiro secretário da Assembleia é acusado de ter emitido R$ 1,692 milhão em notas frias para justificar a propina paga ao governador, conforme a delação dos donos da JBS. Isso significa que o frigorífico pagou pelas notas, mas não recebeu o gado.
Na época em que foi preso, em 12 de setembro do ano passado, o deputado negou que tenha emitido notas frias. Hoje, ele optou pela blindagem, entrou e saiu pela garagem da PF sem falar com os jornalistas.
Ivanildo Miranda chegou acompanhado pelo advogado Newley Amarilla. Conforme o defensor, o empresário respondeu aos mesmos questionamentos feitos no ano passado pela PF.
Outro que prestou depoimento foi o ex-prefeito de Porto Murtinho e ex-presidente da Fundação de Turismo, Nelson Cintra. Ao contrário dos demais, ele repetiu o gesto da mulher, que prestou depoimento ontem, chegou e saiu pela frente da Superintendência da Polícia Federal.
A equipe deve concluir os depoimentos hoje e retornar amanhã a Brasília (DF). Esta fase deve encerrar o inquérito 1.190, cujo relator no Superior Tribunal de Justiça é o ministro Felix Fischer. Ele estava afastado por problemas de saúde desde o final de julho.
Com o encaminhamento do inquérito, o Ministério Público Federal poderá fazer a denúncia contra o governador, pedir investigações complementares ou arquivar a denúncia.
Pela regra atual, o STJ pode aceitar a denúncia e determinar o afastamento imediato do tucano. A decisão será tomada pela Corte Especial.
Caso Reinaldo seja afastado, automaticamente, assumirá o vice-governador Murilo Zauith (DEM). A corte também poderá receber a denúncia e mantê-lo no cargo, mesmo procedimento adotado em relação ao então governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
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