Preso na Operação Vagatomia, da Polícia Federal na terça-feira (3), o reitor da Universidade Brasil, José Fernando Pinto Costa, 63 anos, foi eleito no ano passado o primeiro “Homem do Ano de Mato Grosso do Sul” pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais. Ele e o filho, Stefano Bruno, são acusados de chefiar organização criminosa que causou prejuízo de R$ 2 bilhões aos cofres públicos.
[adrotate group=”3″]
Só em fraudes no Fies (Financiamento Estudantil) e Prouni (Universidade para Todos) foram aproximadamente R$ 500 milhões, conforme a PF. Em reportagem no domingo, o Fantástico, da TV Globo, mostrou negociação em que as vagas do curso de Medicina, um dos mais disputados no País, custaram entre R$ 120 mil e R$ 150 mil.
Veja mais:
Para apurar propina a Reinaldo, PF convocou senador Nelsinho e até a mãe de Reinaldo
PF ouve dono de “fazenda emblemática”, delator de André e deputado de R$ 1,6 milhão em notas frias
Sem alarde, PF ouve 110 pessoas sobre esquema de propina a governador do PSDB
No cerco a Reinaldo, PF ouve irmão, conselheiro do TCE e vê erro de R$ 12 mi na conta de advogado
No campus de Fernandópolis (SP), conforme a TV Globo, um estudante foi aprovado apesar de ter ficado em 618ª colocação no vestibular. O curso tinha apenas 205 vagas. O pai do estudante deu dois cheques, que somaram R$ 80 mil, para os integrantes do esquema criminoso.
A Operação Vagatomia investiga esquema de fraude na concessão de bolsas do Fies e na venda de vagas e transferência de alunos do exterior, principalmente Paraguai e Bolívia, para o curso de Medicina de Fernandópolis. Em uma das gravações, o homem revela que só de Cochabamba foram 70 estudantes.
Dos 22 mandados de prisão, 11 eram preventivas. A prisão do reitor foi prorrogada no sábado. A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 250 milhões.
Com o dinheiro obtido mediante fraudes e comercialização de vagas, o empresário comprava jatinhos, helicópteros e imóveis de luxo. O jato do reitor foi usado para trazer autoridade e empresários de São Paulo para prestigiar a festa na Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) em 29 de março do ano passado.
Na solenidade prestigiada pelo então ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e pelo ex-ministro do Desenvolvimento na gestão de Lula, Luiz Fernando Furlan, houve a posse do presidente da Lide MS, Carlos Augusto Melke Filho, e entrega da homenagem ao reitor da Universidade Brasil, José Fernando Pinto Costa.
Ele recebeu o título de “Homem do Ano MS” do Lide, movimento criado em 2003 pelo governador de São Paulo e pré-candidato a presidente da República em 2022, João Dória (PSDB).
O jornal O Estado de São Paulo e a revista Exame destacaram a homenagem recebida pelo empresário. “Fernando Costa também foi considerado a personalidade do ano pelo Estado de Mato Grosso do Sul”, destacou o jornal paulista. No ano passado, ele ainda recebeu a Medalha Osvaldo Cruz, instituída em 1970 pelo Ministério da Saúde.
A solenidade na Fiems foi destacada pelo colunista Amaury Júnior (veja aqui): “60 importantes personalidades de diversos setores se reuniram no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande, para o lançamento do LIDE de Mato Grosso do Sul e para a cerimônia de posse de seu presidente regional, Carlos Augusto Melke Filho”.
“Fernando Costa, reitor da Universidade Brasil, pretende se consolidar cada vez mais no Centro-Oeste do país e comandou uma caravana direto de São Paulo em seu jato particular. Junto com ele estavam, além do agora presidente do LIDE Carlos Melke, seu filho, Sthefano Costa, CEO da Universidade Brasil, o ex-ministro e presidente do LIDE Luiz Fernando Furlan, Gustavo Ene, CEO do LIDE, Arnoldo Wald Filho, Cônsul de Mônaco no Brasil e Rubens Comini, diretor geral da Call Me”, contou Amaury.
Sobre a solenidade, o jornalista destacou as presenças ilustres: “Também estavam dentre os presentes o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, o governador do estado, Reinaldo Azambuja, a vice-governadora Rose Modesto”, comentou, sobre o evento realizado em março do ano passado.
Agora, como o empresário foi preso, quem será a primeira autoridade a lhe visitar no presídio.
Marun tem fama de não abandonar nessas horas. Para dar um abraço natalino em Eduardo Cunha (MDB), preso em Curitiba (PR), o agora conselheiro da Itaipu usou até verba da Câmara dos Deputados. Ele devolveu o dinheiro após a história ser revelada pelos jornais.
Neste ano, ele foi visitar o ex-presidente Michel Temer (MDB) logo após ele ser preso na cela da PF no Rio de Janeiro.