Na ofensiva para comprovar o suposto pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas pela JBS ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a Força-Tarefa da Polícia Federal ouviu de esposas de investigados a conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. O mutirão procurou esclarecer até “erro bancário” que levou ao depósito de R$ 12 milhões na conta de um advogado de Aquidauana.
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O mutirão para ouvir 110 pessoas em cinco estados faz parte da segunda fase da Operação Vostok, deflagrada em 12 de setembro do ano passado, e que apura prejuízo de R$ 207,7 milhões aos cofres estaduais. Já é um dos maiores escândalos da história de Mato Grosso do Sul, que levou, inclusive à prisão do advogado Rodrigo Souza e Silva, filho do governador do Estado.
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Para encontrar provas e esclarecer eventuais contradições, a PF intimou esposa, mãe, amigo e até autoridades com foro especial para prestar depoimento. Preso por cinco dias há um ano por emitir R$ 333 mil em notas fiscais frias, o ex-deputado federal, ex-secretário estadual de Fazenda e conselheiro do TCE, Márcio Monteiro, foi um dos intimados para prestar depoimento hoje.
O advogado de defesa do tucano, Tiago Bana, minimizou a convocação pela PF, como se fosse normal o cidadão de bem ser intimado para prestar esclarecimentos sobre crimes de corrupção. “Não tem nada demais”, argumentou ao Midiamax.
O irmão do governador, o pecuarista Roberto de Oliveira Silva, o Beto Azambuja, prestou depoimento por aproximadamente uma hora. Ele teve tratamento de autoridade, entrou e saiu pela garagem da Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande.
O ex-presidente da Fundação Estadual de Turismo e ex-prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra (PSDB), vai depor amanhã. Nesta terça-feira, a esposa, Maria Lúcia, que também é pecuarista, prestou depoimento por quase uma hora.
O advogado e pecuarista de Aquidauana, Almiro Tamashiro, informou que foi questionado sobre a origem de R$ 12 milhões depositados em sua conta bancária. Ao jornal Midiamax, que acompanhou os depoimentos ao longo do dia, ele disse que a fortuna teria sido decorrente de erro bancário, mas não explicou como ocorreu a falha.
“Vai gerar uma revolução política”, previu o advogado, ao deixar a sede a Polícia Federal na tarde hoje.
Preso no ano passado, o primeiro secretário da Assembleia, Zé Teixeira (DEM), não foi convocado para prestar depoimento até o momento. No entanto, de acordo com advogado Carlos Marques, ele está pronto para atender eventual chamado de última hora da força-tarefa.
Em nota, a PF confirmou que serão ouvidas 110 investigados e testemunhas em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Ceará e Mato Grosso. A maior parte será na Capital. Até mãe de deputado estadual tucano, que não é investigado, teria sido convocada para prestar esclarecimentos aos policiais.
A expectativa é de que a equipe de Brasília busca contradições dos investigados, que foram presos no ano passado. Reinaldo prestou depoimento em setembro na condição de investigado.
Os delatores da JBS confessaram que pagavam propina em troca de incentivos fiscais. A empresa recebia o benefício, mas não cumpria o acordo, como ampliar as unidades e gerar mais empregos. Na prática, o Estado perdeu duas vezes, porque abriu mão da receita e não teve o crescimento econômico.
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