Anunciado como o processo mais transparente e moderno, o sorteio de 602 apartamentos pela Agehab (Agência Estadual de Habitação) voltou a ganhar as manchetes pelas falhas. Houve família contemplada duas vezes. O mais inusitado, uma mulher de 33 anos, que está presa há quatro meses, teve mais sorte do que as 5 mil pessoas que compareceram, no sábado (29), ao ginásio de esportes da Escola Estadual Joaquim Murtinho, no Centro da Capital.
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Mais sorte que as 35 mil famílias, que aguardam o sonho da casa própria, teve a golpista Pâmela Ortiz Carvalho, 33 anos, que está presa desde fevereiro deste ano no Presídio Feminino Irma Zorzi, em Campo Grande. Ela foi contemplada para ganhar um dos apartamentos no Residencial Aero Rancho.
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Ela teve a prisão preventiva decretada por ter matado Dirce Santoro Guimarães, 79 anos, no dia 23 de fevereiro deste ano, no Jardim Carioca. Conforme a denúncia do Ministério Público Estadual, ela fazia corrida por aplicativo para a idosa desde outubro do ano passado. No entanto, a motorista se aproveitou da amizade e passou a usar o cartão da vítima.
Dirce pediu para a “amiga” levá-la até a loja Pernambucanas, no Centro, para conferir o uso irregular do seu cartão. No percurso, a idosa descobriu que Pâmela usou seu cartão para abastecer e comprar tintas. As duas discutiram e a golpista a matou a golpes. Em seguida, a motorista de aplicativo arrastou o corpo e o cobriu de lixo em um terreno baldio no polo industrial.
A brutalidade do crime não é o único caso policial na vida de Pâmela. Ela foi condenada a prestação de serviço por estelionato, ao usar o nome de outra mulher para adquirir uma linha telefônica da GVT. Só que não poderá prestar serviços à comunidade porque está presa.
Em janeiro, um mês antes de cometer o assassinato, ela teve a prisão preventiva decretada pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande por peculato. Conforme denúncia do promotor Adriano Lobo Viana de Resende, Pâmela aproveitou o trabalho como voluntária na Derf (Delegacia Especializada na Repressão a Furtos e Roubos) para furtar 20 talões de cheques, com 20 folhas cada (140 no total) e dois cartões de crédito.
Os produtos estavam apreendidos na delegacia. Ela assinou a confissão por escrito e alegou que só pegou os cheques porque estava passando por dificuldades financeiras. Além disso, tem outros três processos por estelionato e um por furto.
Em outra ação é ré por ameaça. Conforme o MPE, ela pegou um revólver e foi até a casa da mulher do amante para ameaçá-la de morte.
Ao jornal Midiamax, a Agehab informou, por meio da assessoria, que Pâmela mantém os direitos de ganhar o apartamento, porque não foi condenada e está presa provisoriamente. Ela só perderá a chance de ganhar a casa caso seja condenada e a sentença transite em julgado antes de ser convocada para análise dos documentos. Ela vai demorar, porque está no cadastro reserva.
No sábado, o G1/MS denunciou que um mutuário teve sorte de ser contemplado em dois residenciais diferentes. Ao site, a presidente da Agência de Habitação, Maria do Carmo Avesani Lopes, garantiu que uma pessoa não vai ganhar dois apartamentos.
“Pode ter uma família na lista de reserva em um empreendimento e depois no próximo empreendimento ela estar na lista principal. Uma vez sorteada como principal ela sai da lista de seleção. Enquanto a família estiver concorrendo ela está na lista, então ela pode ser reserva em mais de um empreendimento. O importante é entender que ela só será beneficiada uma única vez. No caso dela ser reserva e ser chamada ela deverá optar por um único apartamento”, garantiu.
O sorteio foi feito por meio do software elaborado pela Digix, empresa que responde por improbidade administrativa desde 2013 em decorrência dos contratos irregulares com o órgão.
A empresa e os sócios, Suely Almoas e Jonas Schimidt das Neves, são réus na Operação Antivírus, do Gaeco, que apontou esquema milionário de desvio de recursos públicos do Detran. A ação por peculato, organização criminosa, corrupção passiva, entre outros crimes, tramita na 3ª Vara Criminal.
Este caso também levou à nova ação por improbidade, que tramita na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.
“O sistema contribuiu para a transparência do processo de seleção das unidades habitacionais no Estado e, de forma simples e objetiva, auxiliou as famílias a terem acesso às informações. O atendimento também ficou mais ágil, facilitando o trabalho dos servidores e impactando diretamente nas prestações de serviços para à população”, elogiou, no fim de semana, Maria do Carmo.
A Digix tinha garantido que o sorteio eletrônico tornou o processo mais ágil, transparente e seguro.
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