As testemunhas indicadas pelo juiz Sérgio Moro à força-tarefa da Lava Jato para reunir provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são um empresário e um técnico em contabilidade de Campo Grande. A revelação é da revista Veja deste final de semana, que passou a divulgar as conversas vazadas pelo The Intercept Brasil entre o magistrado, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, e o procurador Deltan Dallagnol.
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Conforme as conversas divulgadas pelo site do jornalista Glenn Greenwald, em 15 de dezembro de 2015, na busca por provas contra o ex-presidente, o juiz sugeriu duas testemunhas, que estariam dispostas a revelar transações de imóveis envolvendo um dos filhos do petista. Veja revela que as duas pessoas citadas pelo ministro são de Campo Grande.
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No diálogo, Moro sugeriu que Deltan procurasse o técnico em contabilidade Nilton Aparecido Alves, 57 anos, que feito escrituras de vários imóveis para o filho de Lula. “Seriam dezenas de imóveis”, afirmou o juiz, conforme conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil.
Só que procurado pelo Ministério Público Federal do Paraná, o campo-grandense negou ter qualquer informação. Em resposta ao juiz, Dallagnol diz que a testemunha “arriou”. “Ela disse que não tem nada a falar”, comentou.
Em seguida, o chefe da Lava Jato contou que pressionou o técnico em contabilidade. “Quando dei uma pressionada, desligou na minha cara”, contou.
Na esperança de obter as informações, Moro e o procurador discutem forjar denúncia anônima ou notifica apócrifa para obrigar Alves a depor oficialmente sobre a suposta compra de propriedades pela família do ex-presidente.
O então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba aponta quem seria o responsável pela revelação, o empresário Mário César das Neves, dono de posto de combustíveis na Capital. Procurado pela revista, ele confirmou ter falado com o MPF sobre Nilton, de quem teria tomado conhecimento por meio de funcionário.
No entanto, ele negou que tenha ouvido a história sobre as transações envolvendo o técnico em contabilidade e o filho de Lula.
Esta conversa entre Moro e Dallagnol é a mais grave contra o ministro, porque o juiz, pela Constituição, não pode tomar parte no julgamento e orientar uma das partes. O registro mostra que ele orientou a força-tarefa da Lava Jato.
Procurado pela revista Veja, Nilton Aparecido Alves negou a história. “Não sei por que meu nome está nesta história. Alguém deve ter falado alguma coisa errada”, afirmou.
No ano passado, ele foi um dos 58 alvos da Operação Grãos de Ouro, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado), que teria apontado sonegação de R$ 44 milhões em ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços).
Na ocasião, os promotores recolheram escrituras, agendas, extratos bancários e pen drives no escritório de Nilton, que fica no Centro da Capital. A apreensão não teve qualquer ligação com a Lava Jato, também não há história de que os investigadores tenham encontrado qualquer prova envolvendo a família de Lula.
As conversas reforçaram o pedido da defesa do ex-presidente para pedir a suspeição de Moro, que o condenou a prisão pelo triplex do Guarujá. O caso será analisado pelo Supremo Tribunal Federal no retorno do recesso de julho.
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