Eleito após alcançar a fama com vídeos com duras críticas às velhas práticas da política regional e eleito com o discurso de renovação, Loester Trutis (PSL) deu emprego com salário líquido de R$ 8.046 ao irmão de um deputado federal do Rio de Janeiro e do mesmo partido. O parlamentar não encontrou nenhum sul-mato-grossense com currículo semelhante para integrar a equipe na Câmara dos Deputados.
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A disposição de fazer a diferença marcou a campanha do deputado do PSL, que chegou a queimar santinhos entregues pela então direção regional do partido com o nome do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
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Nesta segunda-feira, Tio Trutis surpreendeu ao nomear no gabinete o advogado Ramiro Laterça de Almeida, irmão do deputado federal Felício Laterça (PSL/RJ). Ele passa a ser o 15º integrante da equipe do sul-mato-grossense, conforme o Portal da Transparência da Câmara.
Esta é uma prática comum e velha entre os políticos brasileiros, pedir cargos para familiares nos gabinetes dos colegas. É o famoso jeitinho para fugir da acusação de nepotismo, proibido pela legislação e pela Constituição Federal.
Trutis nega de forma veemente que tenha aderido aos antigos costumes. “Foi exclusivamente pelo currículo (de Ramiro). Não pedi nada em troca”, garante o deputado. “Sempre deixei claro que o fator técnico seria decisivo”, explicou.
Em seguida, o parlamentar cita as vantagens do novo comissionado: duas graduações, doutorado, várias pós-graduações e fluente em seis idiomas. “Será uma peça valiosa na minha atuação nos grupos parlamentares e na comissão de Relações Exteriores”, justifica-se o deputado do PSL, que é suplente na Comissão de Relações Exteriores e titular apenas uma, a de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática.
“Agora não vou punir um candidato a vaga extremamente qualificado por algo que não tem nada de ilegal”, afirmou. “Não posso basear minha escolha no politicamente correto”, ressaltou.
Para Trutis, a sua eleição é reflexo da onda a favor de Jair Bolsonaro (PSL) e não em decorrência das veementes críticas contra o sistema político tradicional. “Na verdade fui eleito para apoiar o presidente. Está sendo feito”, ressaltou.
“Fui escolhido por não ceder ao politicamente correto”, justifica-se Tio Trutis, que obteve quatro passaportes diplomáticos, sendo três para os filhos.
“A minha consciência está tranquila”, enfatizou, para citar os benefícios que abriu mão, como a aposentadoria especial como deputado federal, motoristas, diárias e carro. “(Abri mão de) tudo que acho imoral”, concluiu.
Apesar de ter direito a usar R$ 40 mil por mês da cota parlamentar, Trutis disse que usa apenas “R$ 3 mil”. O Portal da Transparência da Câmara aponta o uso de R$ 60,4 mil de fevereiro até o início deste mês, sendo que em maio Trutis usou o maior valor, R$ 32 mil.
Ele pode gastar até R$ 111.675,59 com a contratação de funcionários, mas usou R$ 83 mil em março. A equipe do parlamentar conta com 15 funcionários, apesar da regra permitir a contratação de até 25 pessoas.
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