A Polícia Federal pode desvendar, pelo menos, três execuções sem pistas ocorridas nos últimos 12 meses em Campo Grande ao analisar o arsenal bélico encontrado em poder do guarda municipal Marcelo Rios, 42 anos. Caso avancem, as investigações conduzidas pelo Garras (Delegacia Especial de Repressão a Assalto a Banco, Assaltos e Sequestros) podem chegar os integrantes de uma poderosa e influente organização criminosa.
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Conforme denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado), os fuzis apreendidos em poder do guarda municipal podem ter sido usados em três execuções na Capital.
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A primeira ocorreu em 11 de junho do ano passado. O chefe da segurança da Assembleia Legislativa, o primeiro sargento da reserva da Polícia Militar, Ilson Martins de Figueiredo, 62 anos, foi executado com 35 tiros de fuzil AK 47 e carabina 556 na Avenida Guaicurus, quando ia para o trabalho.
A segunda ocorreu no dia 26 de outubro de 2018. Ex-segurança de Jorge Rafaat, Orlando da Silva Fernandes, o Bomba, 41, foi morto a tiros de fuzil na Rua Enramada, no Jardim Autonomista.
A terceira foi a execução mais chocante, porque teria sido por engano e foi registrada no dia 9 de abril deste ano. O universitário Matheus Coutinho Xavier, 20, foi executado a tiros de fuzil AK 47, calibre 762, quando chegava na residência da família na Rua Antônio Silva Vendas, no Jardim Bela Vista. A polícia suspeita que o alvo era o pai, o capitão da PM, Paulo Roberto Teixeira Xavier.
A Polícia Civil criou força-tarefa para elucidar as execuções, mas seguiu sem pistas até a prisão do guarda municipal pelo Garras e pelo Batalhão de Choque no dia 19 de maio passado. Ao vistoriar o veículo e as três residências usadas por Rios, os policiais foram se surpreendendo com o arsenal de guerra, algo inédito na crônica policial da Capital.
O arsenal é de fazer inveja as maiores organizações criminosas do País, como o Comando Vermelho e o PCC (Primeiro Comando da Capital). Marcelo Rios estava com dois fuzis AK 47 de calibre 762, quatro fuzis calibre .556, 15 pistolas de 9mm e .40, uma revólver .357, duas pistolas .22, uma espingarda .12 e outra espingarda .22 e mais de 1,6 mil munições de diversos calibres.
Transferido para o Centro de Triagem Anísio Lima após fazer um apelo à Justiça por temer pela própria vida, o guarda tinha equipamentos utilizados pelo serviço de inteligência da polícia, como boné com câmera oculta, silenciador para fuzil e bloqueador de tornozeleira eletrônica.
A primeira denúncia contra o guarda municipal faz referência apenas ao armamento de guerra. Os promotores Suzi D’Ângelo, Gerson Eduardo de Araújo, Marcos Roberto Deltz e Tiago Di Giulio Freire sinalizam que as investigações continuam para desvendar as execuções, que seguiam sem pistas, sem suspeitos até a surpreendente apreensão das armas com Marcelo Rios.
“Não passa despercebido que várias das execuções ocorridas recentemente em Campo Grande foram perpetradas com fuzis calibre76223, que é uns dos apreendidos em poder do denunciado MARCELO RIOS. O grupo de extermínio em atuação nesta urbe, ademais, tem se valido de veículos produtos de furto/roubo, os quais, logo após a consumação dos assassinatos praticados”, destacam.
As armas foram encaminhadas para perícia na Polícia Federal, que possui melhores condições técnicas e equipamentos exclusivos no setor de perícia para verificar se as armas foram usadas nos crimes.
A expectativa do Garras, do Batalhão de Choque e do Gaeco – e sociedade campo-grandense é identificar e punir os supostos integrantes do grupo extermínio, desde os executores até os mandantes.
Marcelo não é o primeiro guarda municipal envolvido com execuções na Capital. O delegado Paulo Magalhães, morto a tiros ao pegar a filha na escola em junho de 2013, teria sido morto pelo guarda municipal José Moreira Freires, que chegou a ser condenado a 18 anos em regime fechado no ano passado, mas teve o direito de recorrer em liberdade.
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