Acusado de integrar a “Máfia da Fronteira”, o piloto Felipe Ramos Morais construiu patrimônio de R$ 19,5 milhões, apesar de a renda mensal ser de apenas R$ 12 mil. A revelação consta de despacho do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, que manteve o recebimento da denúncia e marcou o início da audiência de instrução e julgamento para o dia 24 de junho deste ano.
[adrotate group=”3″]
A organização criminosa seria chefiada pelo subtenente da Polícia Militar, Silvio Cezar Molina Azevedo, preso no presídio federal de Mossoró (RN). A quadrilha foi alvo da Operação Laços de Família, deflagrada em junho do ano passado. Felipe tinha uma empresa de transporte aéreo e ajudava a quadrilha no transporte de drogas, dinheiro e joias.
Veja mais:
Operação da PF apreendeu 27 toneladas de maconha de quadrilha chefiada por família de PM
Juiz mantém prisão de músico que reside na Itália por vender carros para máfia da fronteira
Máfia tinha 10 empresas, 50 laranjas e um policial militar para apoiar o PCC
Máfia da fronteira: mãe e filha de PM cobravam traficantes e até planejavam execuções
Conforme a denúncia, ele ajudava o filho do policial, Jefferson Henrique Piovezan Azevedo Molina, nas aquisições de bens para ocultar o dinheiro obtido por meio do tráfico de drogas para as regiões Sudeste e Nordeste do País. Jefferson não foi denunciado porque foi assassinado no decorrer da investigação.
“Vem descrito que JEFFERSON adotava um estilo mais cauteloso ao telefone para tratar sobre a traficância, privilegiando encontros pessoais e viagens para realizar as negociações, tendo sido identificadas pelos investigadores diversos deslocamentos à região do Guarujá/SP para encontros com FELIPE, e para a região Nordeste e para o Paraguai para tratar do tráfico de drogas”, pontuou o magistrado.
A quebra do sigilo bancário revelou movimentações financeiras expressivas de Felipe e sua empresa de transporte aéreo. De acordo com a Polícia Federal, foram R$ 3 milhões em cinco anos, a maior parte vinculada a pessoas não identificadas, com depósitos significativos em espécie. “Deste total, mais de R$ 500.000,00 vieram de Mundo Novo/MS, em dinheiro vivo”, frisa o juiz.
“(O MPF) também ressalta a habitualidade de FELIPE e suas empresas em realizar grandes pagamentos e depósitos de dinheiro em espécie, e a grande quantidade de bens adquiridos por ele e por suas empresas sem contrapartida nas movimentações bancárias, indicando que as aquisições teriam sido pagas por terceiros. Para a acusação, tudo se soma para demonstrar a origem dos bens no tráfico de drogas”, diz.
Felipe teria usado o nome da mãe para ocultar uma aeronave, conforme a investigação. Ele já foi condenado por tráfico de cocaína pela Justiça do Ceará.
O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira manteve o piloto entre os réus que vão ter o julgamento iniciado no próximo mês em Campo Grande. O processo deve ser longo, porque são 19 réus e a maior parte segue presa.
A Operação Laços de Família desarticulou suposta organização criminosa milionária e poderosa que articulava a partir de Mundo Novo, na fronteira com o Paraguai. O grupo ainda dava apoio ao PCC (Primeiro Comando da Capital), a facção criminosa que surgiu nos presídios paulistas. A quadrilha tinha mega estrutura, que incluía 10 empresas, sete helicópteros e a utilização de 50 “laranjas” para lavar o dinheiro do tráfico de drogas e armas.
1 comentário
Pingback: Com salário de R$ 33 mil, delegado fazia qualquer negócio e propina ia de R$ 250 a R$ 8 mil – O Jacaré