Com quatro fábricas de biscoito Mabel no Brasil, a multinacional norte-americana PepsiCo decidiu fechar apenas a unidade em Mato Grosso do Sul. Como parte da reestruturação, a companhia manteve as plantas de Goiás, São Paulo e Sergipe, mas desativou a indústria de Três Lagoas e demitiu 300 trabalhadores nesta segunda-feira (15).
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A empresa idealizou uma espécie de PDV (Programa de Demissão Voluntário), mas sem dar outra opção aos funcionários. Além dos direitos trabalhistas, como o pagamento da multa do FGTS, férias e 13º proporcional, os trabalhadores vão ter pacote financeiro adicional às verba rescisórias. Eles terão acréscimo de 10%.
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Prevista na estratégia anunciada em fevereiro, a reestruturação surpreendeu os funcionários e os moradores de Três Lagoas, a 338 quilômetros da Capital.
A Mabel abriu a unidade na cidade em 1998 e foi uma das pioneiras na industrialização do município. Os investimentos bilionários chegaram com as fábricas de celulose e de fertilizantes da Petrobras.
Em novembro de 2011, a família do então deputado federal Sandro Mabel (MDB), vendeu as fábricas da Mabel para a PepsiCo. Na época, jornais estimaram o negócio em R$ 800 milhões.
Oito anos depois, a companhia decide encerrar as atividades da unidade sul-mato-grossense, mas manterá as atividades em Sorocaba (SP), Aparecida de Goiânia (GO) e Itaporanga D’Água (SE).
“Fomos pegos de surpresa também. Fui comunicado que teria uma reunião com o diretor que viria de São Paulo e ele deu a notícia. É um grande impacto negativo. Tentamos argumentar para que a empresa não saísse, mas infelizmente não teve jeito. A Mabel foi pioneira no setor industrial em Três Lagoas”, lamentou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Três Lagoas, José Célio Primo.
Para minimizar a situação dos demitidos, a empresa vai pagar 10% de adicional no salário por tempo de serviço, mais ou menos igual os 30% do PDV lançado pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Além disso, o trabalhador terá a indenização paga em dinheiro, ticket alimentação por três meses e mais três meses de plano de saúde.
O fechamento da empresa não é um bom prenúncio para a economia sul-mato-grossense, que ensaiava recuperação após quatro anos consecutivos com as demissões superando as contratações. O primeiro mandato tucano contabilizou o fechamento de 20,6 mil vagas entre 2015 e 2018, conforme o Caged (Cadastro de Emprego e Desemprego) do Ministério do Trabalho.
Neste ano, a geração de empregos teve bons números, com a criação de 9,7 mil novos empregos, sendo 7 mil no setor de serviços. A indústria criou apenas 196 novas vagas.
Além do risco de debandada de indústrias, a construção civil pode levar a demissão de aproximadamente 10 mil trabalhadores com a paralisação das obras do Minha Casa, Minha Vida. O Governo federal atrasou o repasse das obras de casas voltadas para famílias pobres, com renda de até R$ 1,7 mil por mês.
A crise econômica marcou o primeiro mandato de Reinaldo, reeleito no segundo turno com 52,5% dos votos. Com o prolongamento da agonia, a situação não dá sinais de que será melhor no segundo mandato.