Em uma época de bonança sem precedentes, alheia à realidade de Mato Grosso do Sul, o Tribunal de Contas do Estado elevou em até 150% os salários dos sete conselheiros no mês de fevereiro deste ano. É o segundo reajuste em dois meses, considerando-se que os vencimentos tiveram correção de 16,38% em dezembro do ano passado, seguindo o efeito cascata criado com o aumento dos subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
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Com a nova correção, que elevou em até 290% os valores referentes a pagamentos legais e judiciais, o total de créditos na conta dos integrantes da corte fiscal oscilou entre R$ 102,8 mil e R$ 183,2 mil, conforme o Portal da Transparência do TCE.
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O reajuste de 16,38% elevou o subsídio do conselheiro de R$ 30.471,11, pago em novembro, para R$ 35.462,28 no mês seguinte, o mesmo valor pago ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Só que além do valor básico, cada um dos sete integrantes do tribunal recebem adicional, isento de pagamento de Imposto de Renda e do desconto previdenciário. Este valor que teve correção no segundo mês deste ano.
Em março deste ano, o governador sancionou a Lei 5.324, que prevê o pagamento de gratificação de até 90% do salário para os funcionários do Tribunal de Contas que participem de órgãos colegiados e desempenhem funções além das atribuições normais do cargo. Todos os conselheiros foram nomeados para integrar comitês e câmaras no início do mês passado, com validade retroativa ao dia 1º de janeiro deste ano.
De acordo com o Portal da Transparência, o vencimento do conselheiro Osmar Domingues Jeronymo teve aumento de 150%, passando de R$ 68.559,99, em novembro do ano passado, para R$ 171.991,97 em fevereiro deste ano.
O maior impacto foi causado pela elevação de 290% nos penduricalhos entre janeiro e fevereiro deste ano, de R$ 37,2 mil para R$ 171,9 mil.
Ronaldo Chadid foi beneficiado com correção menor, de 67,2% em três meses, mas recebeu o maior salário de fevereiro, R$ 183.264,32. Os pagamentos legais e judiciais tiveram acréscimo de 246% em um mês, de R$ 42,5 mil para R$ 147,8 mil.
O menor salário foi pago ao conselheiro Jerson Domingos, R$ 102.823,97. Em relação a novembro do ano passado, quando ele recebeu R$ 70.346,43, houve correção de 46,16%.
Primeiro servidor de carreira a assumir a presidência do TCE, Iran Coelho das Neves teve aumento de 28,4% em três meses, de R$ 107,6 mil para R$ 138,3 mil.
Os supersalários do Tribunal de Contas
Nome | fevereiro de 2019 |
Ronaldo Chadid | R$ 183.264,32 |
Osmar Jeronymo | R$ 171.991,97 |
Iran Coelho das Neves | R$ 138.381,53 |
Waldir Neves | R$ 113.264,27 |
Flávio Kayatt | R$ 106.637,28 |
Márcio Monteiro | R$ 103.225,10 |
Jerson Domingos | R$ 102.823,97 |
Fonte: Portal da Transparência TCE |
Após O Jacaré divulgar os salários dos conselheiros no dia 15 de março deste ano, a corte fiscal dificultou o acesso ao Portal da Transparência. O cidadão só consegue ter acesso aos salários dos funcionários e conselheiros se descobrir o número do CPF.
Com a medida, o TCE ensaia recuar no cumprimento das leis federais de transparência. A corte fiscal deveria dar o exemplo, mas só liberou as informações nominais dos salários da equipe no início do ano passado.
O Tribunal de Justiça e o Ministério Público Estadual foram os primeiros órgãos no Estado a seguir o exemplo da União e disponibilizar os salários na íntegra na internet. A Câmara Municipal foi a última a cumprir a lei.
Atualmente, a medida só é ignorada solenemente pelos deputados estaduais, eleitos para representar o povo, mas que agem como se fossem donos do dinheiro público.
O aumento nos salários dos conselheiros do TCE segue na contramão da crise avassaladora que atinge as finanças estaduais. Como houve o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Governo do Estado vai lançar o PDV (Programa de Demissão Voluntária), retomar a jornada de oito horas após 15 anos e foi ao STF defender a redução de salários de servidores públicos.
Isso para não citar outros problemas, como o caos nos hospitais, com adiamento de cirurgias por falta de medicamentos e materiais, e o sofrimento de doentes em leitos improvisados por falta de vagas nos estabelecimentos hospitalares.
Não há nenhuma ilegalidade no pagamento dos supersalários dos sete conselheiros do Tribunal de Contas, já que a indenização é paga com base na lei aprovada pelos deputados estaduais e sancionada pelo governador do Estado.
O principal questionamento da sociedade, que banca os salários por meio dos pagamentos de impostos, é que como é possível uma categoria pode viver no paraíso, enquanto os demais mortais sobrevivem no purgatório devido a falta de dinheiro?
O Jacaré procurou a assessoria do Tribunal de Contas, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
R$ 183.264,32
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