A secretária estadual de Educação, Maria Cecília Amendola da Motta, detonou o polêmico ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez. Em entrevista ao Valor Econômico, como presidente do Consed (Conselho dos Secretários Estaduais de Educação), ela disse que o MEC não tem comando nem política de governo para a educação.
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É a primeira crítica contundente de um representante do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) a um integrante do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O tucano apoiou o capitão de forma ostensiva nas eleições de 2018 e tem dois aliados ocupando cargos estratégicos na esplanada dos ministérios, Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura).
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“Eu tenho a impressão que não existe um comando no MEC nem política de governo para a Educação”, acusou Maria Cecília. Desde a posse do colombiano em 1º de janeiro, foram 15 exonerações, medidas polêmicas e seis recuos.
“Falamos tanto em regime de colaboração da União, Estados e municípios, tanto nas questões financeiras e técnicas que precisam de apoio do MEC, e não tivemos retorno sobre nenhuma delas”, queixou-se Cecília Motta.
A trapalhada do ministro nas exonerações e nomeações também foi condenada pela secretária sul-mato-grossense. “Fizemos uma reunião com o Tozi (Luiz Antonio Tozi, secretário-executivo) e quando saímos do avião soubemos que ele tinha sido demitido”, relatou. A pasta está sem secretário-executivo há 15 dias.
“Não temos mais interlocutor no MEC, não tem com quem se possa conversar sobre os anseios dos secretários, das escolas do País”, lamentou a secretária.
“Tínhamos uma reunião marcada para quarta-feira com a Tania (Tania Leme de Almeida, secretária de educação básica), quando ela deveria apresentar um retorno sobre os nossos pedidos, e veio essa notícia de seu pedido de demissão”, complementou.
Maria Cecília também lamentou a queda nos investimentos em educação após a aprovação da PEC do Teto dos Gastos, aprovada na gestão de Michel Temer. Conforme a publicação, houve redução de 18% nos gastos da União, 10% nos estados e 6% nos municípios.
Só que Mato Grosso do Sul também aprovou o teto nos gastos públicos, com prazo de cinco anos e proposta por Reinaldo Azambuja. No entanto, a crítica da secretária foi para a queda nos investimentos feitos pelo Governo federal.
Aliás, a situação do Ministério da Educação é tão caótica, que grandes jornais nacionais ressaltam que a pasta está “a deriva”, sem comandante.