Acusado de ser um dos chefes da organização criminosa, que desviou R$ 432 milhões dos cofres públicos, o ex-deputado federal Edson Giroto, 59 anos, chegou visivelmente abatido para a audiência de instrução e julgamento na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivo e Individuais Homogêneos, realizada na tarde desta quarta-feira (27). Ele preferiu ficar em silêncio na maior parte das perguntas, mas prometeu revelar como ficou milionário em novo interrogatório após a conclusão do segundo julgamento na 3ª Vara Federal de Campo Grande.
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Preso desde 8 de maio do ano passado na Operação Lama Asfáltica, o ex-secretário, poderoso articulador dos investimentos bilionários em infraestrutura na gestão de André Puccinelli (MDB), estava com cabelos compridos, barba feita, vestido de camiseta e calçando chinelos.
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Na ação por improbidade, ele é acusado de não ter como provar a origem dos R$ 6,594 milhões investidos na compra de fazendas em Corumbá e Rio Negro.
O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, negou a realização de perícia e determinou que o réu tinha a oportunidade de explicar se tinha condições ou não de adquirir os bens no interrogatório.
No entanto, orientado pelo advogado José Valeriano Fontoura, o ex-secretário preferiu ficar em silêncio. Ele se justificou e prometeu explicar como conseguiu amealhar o patrimônio se o magistrado marcar outro interrogatório, após a audiência criminal.
A Justiça ouviu todas as testemunhas de acusação nesta quarta-feira e marcou as oitivas das indicadas pela defesa para o dia 23 de abril deste ano.
Essa foi a primeira vez que o ex-deputado federal deixou o Centro de Triagem Anísio Lima, no Jardim Noroeste, desde a sentença do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal. Ele foi condenado a nove anos, dez meses e três dias de prisão em regime fechado e a pagar multa de R$ 242 mil.
Além disso, Giroto perdeu a Fazenda Encanto do Rio Verde, avaliada em R$ 7,630 milhões, e o sobrado da mulher, Rachel Portela Giroto, 37, de R$ 1,5 milhão.
Nesta quinta-feira, o juiz ouve a família do chefe de obras do Estado, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano, que inclui a esposa, Maria Helena, a filha, a médica Mariane, e o genro, o arquiteto João Pedro Dornellas.
Ontem, o magistrado ouviu o ex-coordenador da Agesul, João Afif Jorge, acusado de enriquecimento ilícito ao não comprovar a aplicação de R$ 1,8 milhão na compra de fazendas.
Outras ações de improbidade tramitam contra os integrantes da organização criminosa na Justiça Estadual e já são dez processos criminais na 3ª Vara Federal, sendo que o último ainda não foi recebido pelo magistrado.