Na primeira sentença da Operação Lama Asfáltica, a empresária Rachel Rosana de Jesus Portela Giroto, 37 anos, é comparada a advogada Adriana Anselmo, mulher do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB). Condenada a cinco anos e dois meses em regime semiaberto, ela ainda perdeu o sobrado, onde funcionava o rentável salão de beleza, avaliado em R$ 1,5 milhão.
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O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, determinou a venda do imóvel no Bairro Vivendas do Bosque para garantir o ressarcimento do dinheiro desviado dos cofres estaduais e da União. O mesmo destino terá a Fazenda Encantado do Rio Verde, com 1.110 hectares e adquirida por R$ 7,630 milhões.
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O magistrado rebateu a tese da defesa, de que a esposa de Edson Giroto não tinha conhecimento das atividades do marido. Na sua opinião, ela teve papel semelhante ao desempenhado por Adriana Anselmo, que tinha papel ativo na operacionalização dos mecanismos de lavagem, como compras semanais de joias, repasse a terceiros, uso de laranjas para pagar despesas e contratos de prestação de serviços.
No caso de Rachel, ela tentou alegar que não participava dos negócios do marido. Como parte da estratégia da defesa, em depoimento ao juízo, ela disse que não era responsável pela administração nem contabilidade do salão Stúdio 7, que ficou famoso por lucrar R$ 1,2 milhão em um ano. Nesta versão, ela coordenava as atividades do salão, como recepcionar as clientes e promover festas.
“RACHEL, portanto, não era uma pessoa desinformada, mas parte essencial e vital da dinâmica do salão, incluindo a propriedade do imóvel, daí que não seja um mero acessório no processo de transferência e sua ‘transformação’”, observa o juiz.
O salão acabou sendo dado como parte do pagamento para a compra da Fazenda Encantado do Rio Verde por R$ 1,5 milhão. No entanto, o imóvel acabou registrado como R$ 310 mil, outra ilegalidade descoberta pelos policiais.
“RACHEL, como dito, não era alheia, mas uma parte operacional da lavagem. Neste caso, embora não tendo participado presencialmente das negociações, atuou indiretamente na alienação do salão que lhe pertencia, mas é o suficiente para que seja autora (e não partícipe de menor importância) do crime”, frisou o magistrado.
Bruno Cezar Teixeira pontua a participação de Rachel no esquema de lavagem. Ela era constantemente informada, via e-mail, das atividades da Terrasat, que a Polícia Federal ser de Giroto e não do cunhado, o engenheiro agrônomo Flávio Henrique Garcia Scrocchio.
A esposa de Giroto recebeu o contrato social da Agropecuária Baía, empresa em nome de João Amorim e de suas três filhas, Ana Paula, Ana Lúcia e Renata Amorim. Em outra mensagem, ela foi informada da constituição da GS Agropecuária, empresa de Flávio, mas que tem as iniciais do engenheiro e do marido.
Em outro e-mail, a funcionária da Terrasat encaminha para Rachel a relação de máquinas pesadas locadas para as empresas que prestavam serviço ao Governo. Em outro comunicado, ela é informada da 6ª alteração no contrato social da empreiteira.
“Até estranho que uma dona de salão de beleza recebesse relação de maquinário pesado de empresas que eram (nominalmente) de familiares de João Amorim”, destaca Bruno Cezar.
O magistrado cita ainda o depoimento do delegado Marcos Damatto, da PF, de que o salão foi desativado um mês após o encerramento do mandato de André Puccinelli (MDB). O ex-governador já foi preso na Operação Lama Asfáltica, mas foi solto após cinco meses pelo Superior Tribunal de Justiça.
A primeira sentença da Lama Asfáltica | ||
Condenado | Pena | Multa |
Edson Giroto | 9 anos, 10 meses e 3 dias | R$ 242.514 |
Flávio Henrique Garcia Scrocchio | 7 anos, 1 mês e 15 dias | R$ 143.712 |
Rachel Rosana Portela Giroto | 5 anos e 2 meses | R$ 13.972 |
Além dos problemas com a Justiça, Rachel está sofrendo com lúpus eritematoso sistêmico, considerada uma doença autoimune, crônica, incurável e inflamatória. O tratamento tem exigido que a mulher de Giroto sempre pedisse autorização à Justiça para consulta médica.
Ao contrário do marido, ela foi condenada a cinco anos em regime semiaberto. No entanto, a prisão domiciliar será suspensa mediante o pagamento de fiança de R$ 70 mil.
Giroto e o cunhado tiveram a prisão preventiva decretada e não poderão recorrer em liberdade.
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