Mais um caso da morosidade da Justiça sul-mato-grossense em punir crimes de corrupção. O radialista, apresentador de TV, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Aquidauana, Raul Martins Freixes, foi preso nesta segunda-feira pelo crime cometido há quase 20 anos. Em valores de hoje, o montante desviado foi de R$ 352,6 mil.
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É a segunda vez que o ex-deputado estadual é preso por desvio de recurso. Em agosto de 2013, ele chegou a ser instalado em um presídio para cumprir a pena de quatro anos e oito meses, também por desvio de dinheiro público.
De acordo com o Ministério Público Estadual, em 21 de novembro de 2000, quando estava concluindo o mandato de prefeito de Aquidauana, Freixes assinou cheque da prefeitura no valor de R$ 100 mil e mandou uma funcionária trocá-lo no banco e lhe entregar o dinheiro. O vão atualizado é de R$ 320.130,69.
No mês seguinte, faltando 11 dias para entregar o cargo, em gesto totalmente sem escrúpulos, ele e Paim simularam o pagamento a uma empreiteira pela ampliação de rua e trocaram outro cheque, no valor de R$ 14.959,32.
O ex-prefeito quase acertou de que ficaria impune por este crime. Ele ficou livre por 18 anos e quatro meses. No mês passado, o Tribunal de Justiça manteve a sentença, o que representou condenação em segunda instância.
Os promotores de Justiça José Maurício de Albuquerque e Antenor Ferreira de Rezende Neto pediram a execução da pena, usando o mesmo argumento que mantém preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao ser preso ontem, Freixes passou mal e precisou ser encaminhado para atendimento médico na UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Famoso por apresentar programas populares, como O Povo na TV, do SBT MS, Freixes tentou o suicídio em 8 de abril de 2016, quando ingeriu grande quantidade de medicamentos e foi socorrido pelo Samu.
O Tribunal de Justiça de MS dá sinais diferentes sobre o combate à corrupção. Carlos Ruso Pedrozo (PSDB) está preso e foi afastado da prefeitura de Ladário em novembro do ano passado. Ele é acusado por pagar propina e oferecer cargos aos vereadores.
Já o ex-prefeito da Capital, Gilmar Olarte, condenado a oito anos pela Seção Especial Criminal do TJMS, segue livre, apesar da sentença ter sido dada em segunda instância. Ele foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Se tiver a mesma sorte de Freixes, Olarte só deve iniciar o cumprimento da pena daqui 16 anos.