Réu em duas ações penais e cumprindo restrições impostas pelo Superior Tribunal de Justiça, o ex-governador André Puccinelli (MDB) voltou a exercer o papel de presidente regional do MDB e retomou as articulações para salvar o partido. O objetivo é evitar a extinção da sigla nas eleições municipais de 2020.
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As acusações da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual, de que o emedebista é chefe de organização criminosa e causou prejuízo de R$ 432 milhões aos cofres estaduais, parecem não ter arranhado a imagem do ex-prefeito da Capital e ex-governador do Estado por dois mandatos.
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Nem a permanência na prisão por cinco meses, entre julho e dezembro do ano passado, apagou a popularidade de Puccinelli. Na manhã desta segunda-feira, ele foi cumprimentado e saudado por funcionários do legislativo, vereadores e eleitores. Entusiasmado pela recepção, o emedebista até recorreu ao ditado popular, de que a voz do povo é a voz de Deus, para insinuar atestado de inocência.
André foi solto por liminar da ministra Laurita Vaz, do STJ, que concedeu habeas corpus mediante o cumprimento de algumas medidas cautelares, como não manter contato com outros investigados, como o ex-secretário adjunto de Fazenda, André Cance, os empresários Antônio Celso Cortez e João Roberto Baird, o ex-secretário Edson Giroto e o dono da Proteco, João Amorim.
A ministra não definiu como fica o relacionamento do ex-governador com o filho, o advogado e professor da UFMS, André Puccinelli Júnior, também preso e solto na mesma condição. O emedebista não pode exercer função pública relacionado com os crimes, que no caso seria repartição estadual ou municipal.
O cargo de presidente regional do MDB é uma função pública, mas não se enquadra nas proibições impostas pela ministra.
Principal estrela do MDB, Puccinelli admitiu, em entrevista ao Midiamax, que poderá ser candidato a prefeito nas eleições do próximo ano. Caso o MDB resolva apostar as fichas no carisma e potencial do principal réu na Operação Lama Asfáltica, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) pode se preparar, porque vai ter trabalho e gastar muito para garantir a reeleição.
O fato de ter sido preso por duas vezes não deve ser obstáculo para o ex-governador. O ex-presidente do Detran, Gerson Claro, virou réu e foi preso acusado de megaesquema de corrupção no órgão, mas acabou sendo eleito deputado estadual nas eleições do ano passado.
O democrata José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira, conquistou mais um mandato de deputado estadual apesar de ter sido preso a 20 dias das eleições na Operação Vostok.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) viu o filho, o advogado Rodrigo Souza e Silva ser preso na mesma operação e foi obrigado a cumprir medidas cautelares, teve as contas bancárias e todos os bens da família bloqueados, mas acabou reeleito no segundo turno.
Todos repetem o mesmo discurso, de que não foram condenados e são vítimas de perseguição política. Enquanto o eleitor de outros estados reprovou os acusados por corrupção nas urnas, o sul-mato-grossense os premiou com cargos eletivos.
Puccinelli pareceu disposto a tentar o mesmo direito. Ele conversou com os vereadores Loester Nunes, o Doutor Loester, e Wilson Sami, ambos do MDB. Ao Midiamax, o ex-governador ainda garantiu que segue presidente regional do MDB até o fim deste ano. Assim segue o baile na política regional, para desalento de parte de sociedade, que mantém-se indignada com a corrupção, a crise eterna na saúde, a miséria, a violência e o aumento nos impostos para pagar a conta.