A Justiça Federal de Campo Grande condenou apenas dois anos e quatro meses em regime aberto quatro homens presos pelo contrabando de R$ 5,2 milhões em cigarros paraguaios. Apesar de a carga representar sonegação milionária e de surgir como nova vertente do crime organizado no Estado, a chamada Máfia do Cigarro, os réus vão cumprir a pena de prestar serviços à comunidade e pagar R$ 3 mil (três salários mínimos).
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A sentença chama atenção porque o envolvimento com os mafiosos foi alvo de grandes operações da Polícia Federal e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Só a operação Oiketicus prendeu 30 policiais militares por darem cobertura aos criminosos em troca de até R$ 100 mil em propina.
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Neste caso, a Polícia Militar prendeu cinco pessoas em 14 de junho do ano passado por envolvimento com a Máfia do Cigarro. Três caminhões transportavam 1,040 milhão de maços de cigarros, avaliados em R$ 5,202 milhões, na MS-355, entre Sidrolândia e Terenos.
Anderson Luiz Balan foi preso ao comparecer ao local em nome do suposto chefe, chamado de Primo, e teria oferecido dinheiro aos policiais em troca da liberação do comboio.
O vendedor de tapetes Manoel Carlos dos Santos Dias foi preso acusado de ser o batedor do comboio, mas acabou absolvido por falta de provas.
Balan e os motoristas Osmar Gonçalves Leite, Manoel Minervino Sobrinho e Willian José Alves ficaram presos por sete meses no Presídio de Trânsito, em Campo Grande, de 15 de junho de 2018 até o dia 14 deste mês.
Conforme a sentença da 3ª Vara Federal, o despacho não especifica o juiz, eles foram condenados a dois anos, quatro meses e 15 dias em regime aberto. O magistrado converteu a pena no pagamento de R$ 3 mil a uma entidade de assistência social e a prestação de serviços à comunidade pelo tempo restante da pena.
O quarteto só perdeu o dinheiro apreendido e a carga de cigarro. O juiz determinou a devolução dos dois automóveis e dos três caminhões.
Só para efeito de comparação, o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, preso por dar apoio à Máfia do Cigarro em maio do ano passado, foi condenado a três anos de prisão por não fornecer a senha do Telegram – crime de obstrução de investigação de organização criminosa.
O ex-segurança do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o sargento Ricardo Campo Figueiredo, foi condenado a três anos e seis meses por ter destruído dois telefones celulares. Ele ainda foi condenado a 18 anos e 10 meses por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Anderson Balan foi condenado a pena de dois anos por corrupção ativa.
Na prática, as grandes apreensões feitas pela PF, PM e PRF só acabam punindo a Máfia do Cigarro graças à perda financeira. Como barões estão presos, a atenção se volta, agora, para a sentença dos chefões.