Uma das principais propostas do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, será implementar o terceiro turno nas unidades básicas de saúde para melhorar o atendimento médico à população brasileira. Instituído em Campo Grande na gestão de Alcides Bernal (PP), o projeto chegou a funcionar em 20 postos de saúde e foi extinto pelo atual prefeito, Marquinhos Trad (PSD), primo do ex-deputado federal.
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Com gasto mensal de R$ 1,7 milhão, o 3º turno estendia o atendimento médico nas unidades básicas de saúde das 17h às 21h e desafogava a procura pelos centros regionais e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
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Ex-secretário municipal de Saúde da Capital e deputado federal por dois mandatos, Mandetta definiu o programa como uma das prioridades na posse no dia 2 de janeiro deste ano. De acordo com o ministro, a forma de implementação ainda está em estudo, mas visa atender quem trabalha e não dispõe de tempo livre para procurar o médico no horário comercial.
“A mulher trabalhadora e o homem trabalhador, muitas vezes, saem de casa antes das 7h e voltam depois das 18h. Ou seja, a unidade básica de saúde, para eles, fica praticamente inalcançável”, afirmou o ministro, conforme registro feito pela Agência Brasil.
Em Campo Grande, o 3º Turno foi idealizado pelo então secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, que tirou o projeto do papel em 10 unidades em outubro de 2013. O investimento era bancado pelo tesouro municipal.
No último ano da gestão de Bernal, em 2016, o projeto estava implantado em 20 postos de saúde, segundo Ivandro. Pesquisa da ouvidoria do SUS (Sistema Único de Saúde) constatou que o programa tinha aprovação de 67% dos campo-grandenses.
O ex-secretário conta que cada unidade de saúde tinha o próprio cronograma de atendimento, que poderia ser de segunda a sexta ou em dias alternados.
O custo era de R$ 85 mil por unidade de saúde, conforme dados repassados por Ivandro Fonseca. É um pouco inferior aos R$ 100 mil gastos pela Prefeitura de Porto Alegre, conforme o jornal Folha de S.Paulo.
A proposta era ampliar o atendimento para mais cinco unidades de saúde da Capital em 2017. No entanto, Marquinhos assumiu o comando do município e cancelou o programa 3º Turno. Coincidentemente, Marquinhos é primo de Mandetta e teve seu apoio para ser eleito em 2016.
Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o projeto “não teve continuidade por não atender critérios técnicos e de efetividade, considerando que fora deixado déficit milionário na saúde”. Outro motivo foi que não tinha repasse do Ministério da Saúde.
Por meio da assessoria de imprensa, o secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela, confirma o custo citado pelo antecessor, mas contesta o número de unidades.
“Além disso(do custo de aproximadamente R$ 100 mil), o chamado terceiro turno funcionava de duas a três vezes por semana, somente em quatro unidades”, frisou o secretário, contestando a informação de que 20 unidades estavam com horário diferenciado em 2016.
Marquinhos adotou o horário estendido em 10 unidades de saúde, que funcionam ininterruptamente das 7h às 19h, sem intervalo e de segunda a sexta-feira.
Por outro lado, o ex-prefeito Alcides Bernal está eufórico com a perspectiva de ter um projeto seu levado para todo o País. “O terceiro turno precisa ser implementado em nível nacional”, defendeu. Ele concorda com Mandetta de que o trabalhador precisa de um horário estendido porque não consegue ser atendido no horário norma, das 7h às 17h.
Bernal apoio a eleição de Marquinhos Trad no segundo turno e até subiu no mesmo palanque do prefeito nas eleições do ano passado, já que os dois apoiaram a reeleição de Reinaldo Azambuja (PSDB).
Em nota, secretaria culpa custo alto e aposta em novo programa
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que o programa 3º Turno tinha custo muito alto. A atual administração aposta no horário estendido para atender quem não trabalha e não tempo de ir ao posto de saúde no horário comercial.
Veja a nota na íntegra:
“O programa terceiro turno findou-se no em 2016 e não teve continuidade por não atender critérios técnicos e de efetividade , considerando que fora deixado deficit milionário na Saúde pois os projetos existentes à época não recebiam recursos do Ministério da Saúde e não tinham sustentabilidade financeira. Por ser executado em regime de plantão, o mesmo gerava um ônus de aproximadamente R$100 mil por mês por cada unidade.
Além disso, o chamado terceiro turno funcionava de duas a três vezes por semana, somente em quatro unidades. Neste ano, através de um processo de reorganização de trabalho e sem gerar custos, a atual gestão implementou o atendimento em horário estendido, que já está em funcionamento em 10 unidades de saúde e até o fim de janeiro, outras 11 devem ser contempladas, com funcionamento de 07h às 19h sem intervalo de segunda a sexta-feira.
O objetivo é facilitar o acesso da população e garantir atendimento de qualidade. Consequentemente, a medida deve contribuir também para desafogar as unidades de urgência (UPAs e CRSs), uma vez que, 70% dos pacientes hoje atendidos nestas unidades poderiam ter o problema resolvido na atenção básica. Além disso, a SESAU tem investido na implantação das Clínicas da Família. Somente esse ano quatro novas clínicas devem ser entregues.”