A farra com o dinheiro público não tem limites em Brasília. O auxílio mudança, no valor de R$ 33.763, foi pago até para os deputados federais reeleitos e para dois que viraram ministros, que vão continuar morando em Brasília. Só em dezembro, no total, os oito deputados federais por Mato Grosso do Sul custaram R$ 1,7 milhão ao contribuinte.
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Como não há limites para torrar o dinheiro do povo, a ajuda de custo para mudar de Brasília para o estado de origem foi paga até para os deputados federais Dagoberto Nogueira (PDT), Vander Loubet (PT) e Fábio Trad (PSD), que foram reeleitos.
Também foram beneficiados os deputados Luiz Henrique Mandetta e Tereza Cristina, do DEM, que viraram ministros na gestão de Jair Bolsonaro (PSL) e vão continuar morando em Brasília.
Só com os cinco que vão continuar morando no Distrito Federal, a economia poderia ser de R$ 168.815, valor suficiente para pagar a aposentadoria de um salário mínimo para 169 trabalhadores – já que a previdência é apontado pelos políticos como o grande gargalo das finanças federais.
Pela lei, o auxílio é pago no início e no final de mandato para que o parlamentar custeie as despesas com a mudança. No entanto, como tudo no Brasil, qualquer brecha é uma oportunidade para classe política fazer farra com o dinheiro do contribuinte.
Gasto com deputados federais de MS chega a R$ 2 milhões em dezembro
O contribuinte gastou aproximadamente R$ 2 milhões somente no mês de dezembro com os oito deputados federais de Mato Grosso do Sul. O desembolso inclui gastos com salários, benefícios, cota para viagens e despesas gerais e verba para gabinete.
Conforme a Câmara, cada parlamentar tem direito a R$ 111,6 mil para contratar até 25 funcionários com salários entre R$ 1.025,12 e R$ 15.698,32. O auxílio mudança é pago no início e no fim de cada mandato.
Eles só não tiveram coragem de reajustar os salários em 16,38%, como fizeram com os ministros do Supremo Tribunal Federal.
O gasto com um deputado (a) federal
- Salário: R$ 33.763
- 13º salário: R$ 33.763
- Cota parlamentar: R$ 40.542,84
- Auxílio moradia: R$ 4.253
- Verba de gabinete: R$ 111.675,59
- Auxílio mudança: R$ 33.763
- Total: R$ 257.760,43
Você pagou R$ R$ 2.062.0834,44 pelos oito deputados de MS
Empossado ministro da Saúde, Mandetta ressaltou que não faz nada fora da lei, mas que não teve tempo de conferir a conta corrente para ver se houve o depósito de R$ 33.763 – o equivalente a três anos de salário de um trabalhador “comum” no Brasil.
Outro desinformado sobre do dinheiro na conta, que resolveria o problema de anos de qualquer família sul-mato-grossense, era, outro médico, Geraldo Resende (PSDB). “Eu renunciei ao mandato e nem sei se tenho direito a isso ou não. Estou focado na Secretaria de Saúde e não tenho informação para te passar”, disse Resende ao Campo Grande News.
A mesma linha de desentendido com o gasto do contribuinte foi adotada por Dagoberto, em entrevista ao mesmo jornal. “Eu acho que não recebemos, não constatei isso ainda, teria que ver. Não vou falar nada porque pode estar errado, mas vou dar uma olhada”, afirmou.
O único a admitir o depósito foi o deputado federal Fábio Trad, que já protocolou ofício devolvendo a benesse. No entanto, ele ainda não sabia de que forma seria feito a devolução dos R$ 33.763 – estorno ou devolução.
Por meio da assessoria, a Câmara dos Deputados confirmou ao O Jacaré que o auxílio foi pago a todos os deputados federais, sem discriminação. Só faltou saber se o ex-ministro Carlos Marun (MDB), que estava afastado do cargo de deputado desde de dezembro de 2017, recebeu o abominável auxílio moradia.
Além de Resende, os derrotados nas urnas neste ano, Elizeu Dionizio (PSB) e Zeca do PT, também receberam a ajudinha para voltar para Campo Grande. Agora, outra curiosidade, o transporte da mudança de Brasília para a Capital é tão caro, a ponto de equivaler a três anos de salários acumulados por um simples operário brasileiro?
O dinheiro público não está sendo mal gasto apenas com o deputado relâmpago Ademar Vieira Júnior, o Junior Coringa (PSD), que virou o representante da vez da revolta popular ao se gabar de exercer o mandato por um mês nas férias do Congresso.
O problema do parlamentar no Brasil, um país ainda miserável e cheio de carências nas áreas essenciais, é que não tem dó de gastar o dinheiro público consigo mesmo, encher-se de privilégios e não ter dó nem piedade de impor sacrifícios ao povo para equilibrar as finanças públicas.
Em qualquer país civilizado, o deputado divide as agruras (se fosse no Brasil, é claro) do transporte público e da segurança com o eleitor. Não usa o mandato para viver como se tivesse em outro País e usar o mandato para exercer a autoridade e se afastar dos dramas dos conterrâneos.
Não é culpa somente dos políticos, mas nossa, como cidadão e contribuinte, que achamos isso normal. Ou estamos errados?