Presos na Operação Nevada, 14 integrantes de três quadrilhas foram condenados a 223 anos de prisão por tráfico transnacional, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Só os três irmãos Corrêa, que ostentavam vida de milionários com carros de luxo, mansões e festas e movimentando uma fortuna por meio de laranjas foram condenados a 82 anos de reclusão em regime fechado.
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O grupo era dividido em três núcleos e traficava cocaína comprada na Bolívia. A droga era trazida para o Estado em aviões e jogada em fardos na zona rural de Porto Murtinho, Bodoquena e Bonito. A cocaína era enterrada no entorno da Reserva Indígena Kadiwéu, que abrange uma área de 538 mil hectares, e transportada em automóveis e caminhões até São Paulo.
Policiais federais apreenderam mais de 800 quilos de cocaína, causando prejuízo superior a R$ 16 milhões aos criminosos. Teixeira anota que o grupo enviava dinheiro para a Bolívia escondido nos carros. Em apenas um caso, dois homens foram presos com um milhão e 309 mil dólares americanos em espécie escondidos no painel camuflado de caminhonete S-10.
Veja a sentença dos 14 condenados:
- Odir Fernando Santos Corrêa: 51 anos, um mês e 15 dias e 4.732 dias-multa
- Odacir Santos Corrêa: 14 anos, oito meses e 15 dias e 1.444 dias-multa
- Severina Honório de Almeida: quatro anos, dois meses e 12 dias em regime semiaberto e 979 dias-multa
- Gustavo da Silva Gonçalves: 12 anos, cinco meses e 12 dias e 1.086 dias-multa
- Odair Corrêa dos Santos: 16 anos, quatro meses e 25 dias e 2.099 dias-multa
- Luciano Costa Leite: 11 anos, 11 meses e 22 dias e 1.757 dias-multa
- Ronaldo Couto Moreira: 33 anos, 10 meses e 17 dias e 4.120 dias-multa
- Oldemar Jacques Teixeira: 26 anos, seis meses e 15 dias e 3.170 dias-multa
- Ary Arce: sete anos e um mês de reclusão e um mês de detenção e 972 dias-multa
- Glauco de Oliveira Cavalcante: 11 anos e 10 meses e 1.729 dias-multa
- Alessandro Fantatto Encinas: 12 anos, 10 meses e 17 dias e 4.870 dias-multa
- Odilon Cruz Teixeira: 13 anos, um mês e 15 dias e 1.899 dias-multa
- Paulo Hilário de Oliveira: oito anos, 11 meses e sete dias e 1.393 dias-multa
- Antônio Marcos Machado: quatro anos e um mês no semiaberto e 816 dias-multa
A ostentação do grupo levou à descoberta dos criminosos pela PF. Sem ocupação legal e qualquer renda lícita, os criminosos andavam em carros de luxo, fretavam aviões para viajar até São Paulo e movimentavam uma fortuna. Só a empresa Imperatriz Empreendimentos, em nome de laranja, tinha patrimônio avaliado em R$ 5 milhões.
Conforme o juiz, André Luiz de Almeida Anselmo, que seria laranja de um dos irmãos chefes do tráfico, teria movimentado R$ 14 milhões entre 2011 e 2015, sendo R$ 7,9 milhões em apenas uma conta no HBSC.
Conforme o despacho do magistrado, publicado no dia 14 deste mês, os irmãos Odir Fernando e Odacir Santos Corrêa integravam o primeiro núcleo. Considerado o principal chefão, Odir teve a maior sentença no grupo e foi condenado a 51 anos, um mês e 15 dias. Odacir vai cumprir 14 anos, oito meses e 15 dis.
O terceiro irmão, Odair Corrêa dos Santos, que seria chefe do segundo núcleo, foi condenado a 16 anos, quatro meses e 25 dias. Ele teria admitido o tráfico de 427 quilos de cocaína.
A segunda maior pena foi aplicada a Ronaldo Couto Moreira, punido com 33 anos, 10 meses e 17 dias de cadeia. A terceira ficou para Oldemar Jacques Teixeira, condenado a 26 anos, seis meses e 15 dias de prisão em regime fechado.
Eles integravam o núcleo de Alessandro Fantatto Encinas, o Gaúcho, condenado a 12 anos, 10 meses e 17 dias. Outro integrante deste grupo, Paulo Hilário de Oliveira recebeu pena menor porque colaborou com os policiais e entregou um fardo, com 33 quilos de cocaína, enterrado em Porto Murtinho. Neste caso, conforme o relatório, foram jogados três fardos, mas os traficantes só encontram um. O segundo foi revelado por Hilário. O terceiro não teria sido localizado.
Esta sentença com 452 páginas não deve ser a única em decorrência da Operação Nevada. O acusado de ser o principal comprador dos três núcleos é Adriano Moreira da Silva, que seria um dos líderes do PCC, a facção paulista que domina os presídios brasileiros. Ele estava foragido e foi preso em junho deste ano no Ceará e responde a outro processo.
Outros acusados de integrar o esquema de tráfico internacional de drogas serão julgados em outros processos.
Para evitar que os condenados recorram em liberdade, o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira decretou a prisão preventiva dos três irmãos, de Gaúcho, Oldemar Teixeira, Luciano Costa Leite e Ronaldo Moreira. Eles vão continuar preso e os demais poderão recorrer da sentença em liberdade.
O magistrado determinou o perdimento do grupo de carros de luxo, como caminhonetes, Land Rover e BMW, do dinheiro apreendido, joias, relógios, mansões na Capital e apartamento em São Paulo.
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