A revolta do campo-grandense contra o reajuste de 26% a 159% nos salários dos vereadores, secretários, vice-prefeita e do prefeito da Capital ficou restrita ao Facebook e aos grupos de aplicativos. Somente 50 pessoas participaram do protesto “Aumento Não” na manhã desta terça-feira na Câmara Municipal.
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A manifestação não chegou nem aos pés dos moradores de Santo Antônio de Platina, no Paraná, onde a população lotou o legislativo e a pressão surtiu efeito imediato. Naquela cidade, os vereadores desistiram do aumento estratosférico e reduziram o subsídio para R$ 970, abaixo até do salário mínimo regional paranaense de R$ 1.032.
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Em Campo Grande, com o reajuste de 26,3%, o salário do vereador passa de R$ 15.031 para R$ 18.891,68 a partir de 1º de janeiro de 2021. A situação pode piorar para os cofres públicos. Caso os deputados federais sigam o exemplo do Supremo Tribunal Federal e elevem os salários dos atuais R$ 33.763 para R$ 39.229,23, o parlamentar municipal passará a receber R$ 22.104.
A farra nos reajustes inclui ainda o aumento de 73,72% nos salários do prefeito Marquinhos Trad (PSD), de R$ 20.412,42 para R$ 35.462,22; de 108% no da vice-prefeita Adriane Lopes (Patri), de R$ 15.308,66 para R$ 31.915,99; e de 159% no subsídio dos secretários municipais, de R$ 11.619,70 para R$ 30.142,88.
O protesto convocado pelo Facebook chegou a ter a confirmação de 531 pessoas e 2 mil interessados. Vários moradores postaram a indignação na página, com frases como:
“Bando de vagabundos esses caras”
“Um acinte, uma vergonha, o país quebrado, a cidade toda arrebentada, com uma administração desastrosa, e me passam um recibo de insensibilidade com o interesse da população, uma grande vergonha.”
“Bando de safados, um trabalhador tem que pegar no pesado por 30 dias ou mais para ganhar um salário. Injustiça nesse nosso País.”
“Contem comigo. Vamos nos mobilizar para mostrar a toda a sociedade, que os vereadores não faz jus a este aumento salarial. É abusivo e imoral, ate porque, não produzem ‘nada’ de útil pro município.”
No entanto, na famosa hora do vamos ver, aproximadamente 50 pessoas compareceram portando cartazes contra o reajuste. Até houve quem comemorasse o fracasso, acusando o grupo ser ligado a determinado vereador.
Apesar da pouca participação, o empresário Guto Scarpanti, 37 anos, considerou o movimento bom e suficiente para incomodar os políticos, a rever o aumento generoso em causa própria.
“Eu gostei da manifestação. Incomodamos bastante os vereadores”, acredita um dos coordenadores da mobilização.
“Apesar de não ter ido 500 pessoas, foi gente suficiente para instigar mais ainda todo mundo que está insatisfeito”, avaliou.
Na esperança de repetir Santo Antônio da Platina, Guto diz que novo ato será convocado quando os vereadores vão votar em segunda votação o reajuste dos secretários, da vice-prefeita e do prefeito da Capital.
Os vereadores e o prefeito Marquinhos Trad vão passar a ter o maior salário do País, apesar do morador de Campo Grande não ser o mais rico do Brasil.
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