Torturado e assassinado com sete facadas dentro de um motel, o ex-superintendente estadual de Gestão de Informação, Daniel Nantes Abuchaim, 46 anos, morreu no dia em que uma resposta mudaria sua situação financeira. A revelação consta do inquérito policial encaminhado à Justiça e foi confirmada por duas testemunhas.
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Enquanto a Polícia Civil investiga a participação de outros envolvidos no assassinato, o Ministério Público Estadual denunciou Fernanda Aparecida da Silva Sylvério, 28 anos, pelo homicídio ocorrido no dia 19 de novembro deste ano. A denúncia foi encaminhada à Justiça mesmo com a mudança de versão da acusada.
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Inicialmente, Fernanda confessou o crime e alegou vingança contra o assédio de Daniel. Ele a conhecia há um ano, mas nenhum familiar ou amigo do ex-superintendente confirmou a amizade.
Na primeira versão, ela contou que pegou Abuchaim em sua casa e o levou ao motel no Jardim Noroeste. No estabelecimento, ele tomou banho e a mulher o convenceu a transarem no carro. Ele teria sentado no banco do passageiro, onde foi morto a facadas pela acusada.
No entanto, na fase de conclusão do inquérito policial, Fernanda mudou a versão e contou outra história para o delegado Geraldo Marin Barbosa, da 3ª Delegacia de Polícia. Ela disse que o advogado foi torturado e morto a facadas dentro do banheiro do quarto do motel. O assassino teria abordado o casal em um cruzamento. Agora, como o homem sabia que eles iam passar naquele local?
Em seguida, o homem, que teria executado o crime com requinte de crueldade, colocou o corpo no carro, escondeu-se no porta-malas e obrigou Fernanda a desovar o cadáver em uma rua vicinal próximo ao Parque dos Poderes.
A mulher não descreveu o suposto assassino e disse que ele e a vítima discutiram por causa de dívidas e cheques.
Em depoimento à polícia, nenhum familiar, amigo, namorada e ex-esposa de Daniel confirmaram a versão de agiotagem. Todos foram unânimes em contar a mesma versão: o ex-superintendente estava em situação financeira complicada e se viu obrigado a transferir os três filhos de escola particular para a rede pública.
Ele tinha bens, mas que estavam bloqueados em decorrência da ofensiva da polícia e da Justiça contra o suposto esquema de corrupção na gestão do ex-governador André Puccinelli (MDB), preso na Operação Lama Asfáltica.
Daniel chegou a ser réu em uma ação por improbidade junto com o ex-governador e o empresário João Roberto Baird, o Bil Gates Pantaneiro, mas o processo foi arquivado por determinação do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Em decorrência desta situação, o ex-superintendente dizia que os negócios não estavam bem. Ele vinha ingerindo bebida alcoólica com frequência e dormindo a base de calmantes.
No entanto, na última semana antes do homicídio, Daniel estava otimista. De acordo com o depoimento da irmã, ele esperava uma virada na situação financeira na semana em que ocorreu o assassinato.
Para uma advogada, com que namorou por sete anos e continuava amigo, ele contou que esperava resposta na segunda-feira (19) que mudaria sua situação financeira. No entanto, nem a irmã nem a ex-namorada ficaram sabendo o que ajudaria o ex-superintendente a sair do sufoco financeiro.
A advogada contou que ficou sabendo no velório da provável venda da casa no Residencial Damha por R$ 3 milhões.
Além de caçar outros suspeitos pelo crime, a Polícia tenta localizar o notebook do empresário, que não foi encontrado pelos familiares.
Fernanda contou que jogou o telefone celular, chaves e outros pertences de Daniel na região do Lago do Amor, um dos principais pontos turísticos da Capital.
Conforme a polícia, ele teve torção no pescoço e levou sete facadas. O inquérito foi concluído no dia 30 de novembro. O laudo deve ser encaminhado nos próximos dias.
A Polícia Federal informou, conforme os jornais, de que ele não era alvo da Operação Computadores de Lama, 6ª fase da Lama Asfáltica, deflagrada no dia 27 de novembro e que prendeu empresários do setor de informática que mantêm contratos milionários com a administração estadual.
Os detalhes da investigação fustigam a imaginação popular e dão mais gás para as teorias da conspiração.