O prefeito Marquinhos Trad (PSD) tirou a digital do projeto que eleva o seu salário, da vice-prefeita e dos secretários entre 73,72% e 159% para evitar o desgaste político. No entanto, na manhã desta sexta-feira, ele se queixou da defasagem no salário de R$ 20.412,42, que não tem reajuste desde 2010, e sinalizou que poderá aceitar o “presente de Natal” dos vereadores de Campo Grande[adrotate group=”3″]
Os vereadores aprovaram, em regime de urgência, o reajuste nos salários do primeiro escalão do município. Os secretários municipais terão reajuste de 159%, de R$ 11.619,70 para R$ 30.142,88, enquanto a vice-prefeita Adriane Lopes (Patri) deverá ter aumento de 108%, de R$ 15.308,66 para R$ 31.915,99.
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Marquinhos terá reajuste generoso ao ter o subsídio vinculado ao valor pago ao ministro do Supremo Tribunal Federal. O atual salário saltará de R$ 20.412,42 para R$ 35.462,22. O problema é que o atual vencimento não vinculado, já que o valor representa 60,45% do subsídio de R$ 33.763 pago ao integrante da mais alta corte do País.
Devido à crise econômica, o prefeito só autorizou reajuste de 3,04% no salário da maior parte dos 25 mil funcionários municipais. Os médicos tiveram correão de 6,8%, enquanto os professores, de 7,6%.
Em 2019, com a retomada da polêmica reforma da previdência, os servidores ainda poderão arcar com o aumento na alíquota de contribuição de 11% para 14%.
No entanto, essa crise será suspensa nas festas de fim de ano e os vereadores planejam dar o presente de Natal ao prefeito, vice-prefeita e secretários municipais.
Como o município ainda impõe restrições à população devido à falta de recursos, como falta de leitos em hospitais, de remédios nas unidades de saúde e de verbas para concluir obras inacabadas, o reajuste vultoso vai causar desgaste político.
Em entrevista na manhã de hoje, Marquinhos jogou o desgaste para os 22 vereadores que aprovaram o aumento abusivo. “Eu não sei do projeto, não saiu das minhas mãos, não é subscrito, não tem minha digital. Não estou sabendo. Quero saber até se eu tenho direito de vetar ou não isso. Filho querido, eu não sei qual é o aumento, não sei quanto impacta. É efeito dominó? Eu tenho que ver a redação, eu não conheço. Aonde mais atinge? É uma emenda da Lei Orgânica do município, não passa por mim”, afirmou, segundo o Correio do Estado.
Famoso por reclamar do salário, principalmente ao considerar o valor de R$ 11 mil pago a um deputado estadual logo que assumiu o mandato, o prefeito não deixou de se queixar de defasagem, uma prática comum para sindicalistas e trabalhadores.
“Eu tô achando estranho que tem oito anos sem reajuste, nem 1%. Porque fizeram isso? Não houve reajuste dessa natureza desde 2010, são oito ano sem um reajuste. O seu salário subiu?”, lamentou-se, conforme o jornal.
“E porque é tudo eu? Porque tudo sou eu? Eu não pedi. Sabe quanto ganha o prefeito? Líquido é R$ 14,1 mil o salário de prefeito da Capital. E do interior é R$ 28 mil, R$ 29 mil”, comparou. No entanto, o correto seria comparar com os funcionários do município, que acabam recebendo o valor líquido abaixo de um salário mínimo de R$ 954, considerando-se os descontos.
“O trabalhador, trabalha sábado e domingo e pede hora extra. Os vereadores e secretários têm? Não. Temos que ver isso tudo, se trabalham ou não, se é justo ou não. Os secretários trabalham sábado, domingo. Ontem eles estavam lá trabalhando na Cidade do Natal. É 23h é 1h da madrugada. Você cansou de entrevistar eles sábado e domingo e você estava ganhando hora extra, e eles não”, ressaltou, insinuando que o reajuste de até 159% é justo.
A farra dos reajustes beneficiará os próprios vereadores, mas somente a partir de 2021. Eles não podem aprovar aumento para a própria legislatura.
Já os salários de Marquinhos e secretários sobem imediatamente. O valor quase dobra em janeiro, quando o valor previsto será de 80% do novo salário.
Para a população que está indignada, um aviso: os vereadores vão votar o reajuste em segunda votação antes do recesso, previsto para começar até o dia 20 deste mês.
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