O Governo de Mato Grosso do Sul pagou R$ 38,053 milhões à empresa 20/20 Serviços Médicos, de Ribeirão Preto (SP), acusada de superfaturar serviços e cobrar por cirurgia não realizada no Mato Grosso. O grupo paulista foi contratado sem licitação pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para realizar atendimento oftalmológico e cirurgias da catarata na Caravana da Saúde.
[adrotate group=”3″]
No domingo, reportagem do Fantástico, da TV Globo, revelou que a 20/20 recebeu R$ 48 milhões do Governo do MT por ter realizado 66.337 cirurgias da catarata em dois anos. O Ministério Público Estadual a denunciou por superfaturamento, cobrar por cirurgias não realizadas e erro médico.
Veja mais:
MS foi exemplo para caravana que virou escândalo no Mato Grosso
Violência cresce, mas Reinaldo reduz investimento em segurança e amplia repasse ao TCE
MS fecha 17,5 mil vagas de emprego em três anos e desemprego marca gestão tucana
O programa global exibiu personagens, como uma mulher que passou a ver só vultos após realizar a cirurgia; um homem fez a cirurgia, mas a equipe não colocou a lente e ele ficou cego do olho direito; e outra paciente que não fez a cirurgia, mas o serviço teria sido cobrado pela 20/20.
A Justiça do Mato Grosso determinou a suspensão do contrato e o bloqueio dos bens da empresa de Ribeirão Preto a pedido do MPE. O grupo é alvo de ação semelhante no Tocantins.
Em Mato Grosso do Sul, conforme balanço apresentado pela vice-governadora Rose Modesto (PSDB), a primeira edição da Caravana da Saúde teve 35 mil cirurgias da catarata no Estado. A segunda edição, restrita à Capital, teve 4.567 cirurgias entre os dias 23 de junho e 2 de julho deste ano.
Conforme o balanço parcial da Secretaria Estadual de Saúde, a equipe fez 456 cirurgias da catarata por dia. Foram realizados 37 mil exames, 3,7 mil por dia, e 8,7 mil consultas (87 por dia).
No Mato Grosso, o promotor Mauro Zaqueu de Jesus, conferiu os números com lupa e chegou a conclusão que, na Caravana da Transformação, cada consulta tinha duração média de dois minutos e trinta segundos, considerando-se que os médicos não suspendiam o trabalho para almoço, descanso ou lanche. O tempo ideal seria de 15 a 20 minutos.
O governador Pedro Taques (PSDB), do estado vizinho, copiou o programa sul-mato-grossense após fazer uma visita ao governador Reinaldo Azambuja. Até o modelo, sem licitação, e a empresa, a 20/20 Serviços Médicos, foram os mesmos. Só que lá o programa virou escândalo.
Em MS, a 20/20 Serviços Médicos presta serviço desde 2015, quando Reinaldo assumiu o Governo e implantou os mutirões.
Só que o tucano contratou o Instituto de Olhos Fábio Vieira SS EPP, que funciona no mesmo endereço da 20/20 em Ribeirão Preto: Rua Marechal, 1.606, na Vila Sumaré. O instituto e a empresa foram fundados na mesma data, em 15 de maio de 1997, e possuem o mesmo capital social, de R$ 500 mil.
O Governo estadual repassou R$ 38,053 milhões à empresa, sendo R$ 31,6 milhões em 2015 e 2016, na primeira edição da Caravana da Saúde. Neste ano, quando o mutirão ficou restrito à Capital, só foram repassados R$ 6,445 milhões.
O Governo estadual contratou outra empresa de Ribeirão Preto, a Link Saúde Brasil SS Ltda, para levar a Caravana da Saúde para as escolas públicas. A empresa fundada em 16 de junho de 2016, com capital de R$ 500 mil, já recebeu R$ 3,121 milhões da gestão tucana, conforme o Portal da Transparência.
Em entrevista ao Fantástico, a 20/20 Serviços Médicos negou superfaturamento e cobrança por cirurgia não realizada.