Quase seis anos depois da Operação Sangue Frio, que apurou desvios e superfaturamento no Hospital Universitário, o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União concluiu o procedimento administrativo contra seis servidores. A prescrição livrou quatro funcionários da punição e apenas um acabou demitido por improbidade administrativa.
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Deflagrada pela Polícia Federal, a operação foi um escândalo e causou a queda dos médicos Adalberto Siufi, um “mito” na área, do comando do Hospital do Câncer Alfredo Abrão, e José Carlos Dorsa do cargo de diretor-geral do HU, e Beatriz Dobashi da Secretaria Estadual de Saúde.
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Conforme despacho do ministro Wagner de Campos Rosário, o ex-chefe da Divisão de Infraestrutura e Projetos do HU, Élio Rodrigues Frias, foi demitido com base na Lei de Improbidade Administrativa (8.429/1992) e na legislação sobre a conduta dos servidores públicos.
Conforme a decisão de 1º de novembro deste ano, o processo contra Dorsa foi arquivado em decorrência de sua morte em 11 de março deste ano. O ex-diretor do hospital morreu em uma sauna no Jardim dos Estados.
A assessoria do ministério informou que Élio é acusado de integrar organização criminosa que atuava no direcionamento de licitações, subcontratação de serviços para empresas ligadas a dirigentes do hospital e contratações superfaturadas.
A prescrição livrou de qualquer punição os servidores Artemísia Mesquita de Almeida, Rildon Vaz da Silva, Rildo Leite Ribeiro e Elizabeth Antônio Verão Lopes.
Em setembro deste ano, o Tribunal de Contas da União manteve a multa de R$ 45 mil aplicada contra Élio por irregularidades e fraudes em licitações apontadas pela Operação Sangue Frio. Ele foi condenado a pagar o mesmo valor imposto a Dorsa.
Na defesa apresentada ao tribunal, Élio alegou que não possuía competência para o cargo e a divisão possuía estrutura precária para o trabalho. Ele destacou que não agiu por dolo ou culpa. A defesa ainda frisou que a Polícia Federal não indicou quem se beneficiou economicamente da suposta fraude.
Com a punição imposta pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral, Élio não poderá retornar ao serviço público federal e fica impedido de se candidatar a cargos eletivos.
O procedimento administrativo será encaminhado à Advocacia-Geral da União e ao Ministério Público Federal para analisar as medidas possíveis sobre ressarcimento ao erário.
A Operação Sangue Frio levou a descoberta da Máfia do Câncer, que se tornou alvo de 12 ações na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul entre os anos de 2014 e 2015. Os envolvidos tiveram R$ 116 milhões bloqueados por suspeitas de irregularidades cometidas nos hospitais do Câncer, Universitário e Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian.
Apesar do longo tempo, da repercussão nacional e da gravidade das denúncias, ninguém foi condenado em Campo Grande. Todas as ações tramitam em sigilo na Justiça Federal.