
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), reeleito no segundo turno deste ano, perdeu 64,2 mil votos em relação a eleição de 2014 e obteve o menor percentual de votos em 36 anos. Ao vencer o juiz Odilon de Oliveira (PDT) com 52,35% dos votos, ele só obteve percentual inferior ao conquistado por Wilson Barbosa Martins (MDB), em 1982, quando foi eleito com 51,1%.
Primeiro governador a ser alvo de operação de combate à corrupção no cargo, o tucano conquistou 677.310 votos, conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em relação a 2014, quando foi eleito pela primeira vez ao vencer o então senador Delcídio do Amaral com 741.516 votos, houve redução de 8,65%.
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O percentual de 52,35% de Reinaldo é o menor obtido por um governador sul-mato-grossense em 36 anos. Na primeira eleição direta para escolha do chefe do Executivo estadual desde a ditadura militar em 1964, Wilson Martins venceu três concorrentes ao conquistar 51,1% dos votos. O principal adversário, José Elias Moreira (PDS), ficou com 46,93%.
A eleição para governador de MS
- 1982 – Wilson Barbosa Martins (PMDB) – 51,10%
- 1986 – Marcelo Miranda Soares (PMDB) – 61,39%
- 1990 – Pedro Pedrossian (PTB) – 59,39%
- 1994 – Wilson Barbosa Martins (PMDB) – 53,7%
- 1998 – Zeca do PT – 61,27% (segundo turno)
- 2002 – Zeca do PT – 53,74% (segundo turno)
- 2006 – André Puccinelli (PMB) – 61,34%
- 2010 – André Puccinelli (PMDB) – 56%
- 2014 – Reinaldo Azambuja (PSDB) – 55,34% (segundo turno)
- 2018 – Reinaldo Azambuja (PSDB) – 52,35% (segundo turno)
O tucano ficou próximo do resultado obtido por Wilson Martins em 1994, quando conquistou 53,7% ao enfrentar Levy Dias (PPR), que tinha o apoio de Pedrossian, com a popularidade nas alturas por causa de um grande pacote de obras.
Outro a ter percentual semelhante foi Zeca do PT em 2002, quando foi reeleito, com 53,74% dos votos, ao vencer disputa acirrada com a então senadora Marisa Serrano (PSDB).
Na história de Mato Grosso do Sul, criado há 40 anos, Marcelo Miranda Soares, na época no MDB, obteve o maior percentual ao ser eleito governador com 61,39% dos votos em 1986. Na época, ele foi beneficiado pelo Plano Cruzado, na gestão de José Sarney (MDB). O programa revelou-se um estelionato eleitoral, porque ajudou no sucesso dos emedebistas, mas acabou com o fechamento das urnas.
O segundo maior percentual foi de André Puccinelli (MDB) em 2006, quando se elegeu governador pela primeira vez com 61,34% dos votos. Foi o ápice da carreira política do emedebista, que tinha sido secretário estadual de Saúde, deputado estadual, deputado federal e prefeito da Capital por dois mandatos.
Em setembro de 2010, André foi acusado de receber mensalão de R$ 2 milhões da Assembleia na Operação Uragano, da Polícia Federal. Assim como Reinaldo, ao ser alvo da Operação Vostook neste ano, o emedebista negou o suposto crime e acusou Ary Rigo, então primeiro secretário do legislativo, de ser fanfarrão. Ele foi reeleito com 56% dos votos.
Atualmente, André está preso e é acusado de desviar milhões dos cofres públicos, mas em outra operação, a Lama Asfáltica.
O terceiro maior percentual na história foi conquistado por Zeca do PT, quando se elegeu governador pela primeira vez com 61,27% dos votos. Na época, o petista quebrou o paradigma de que o sul-mato-grossense nunca elegeria um candidato de esquerda e surfou na onda da renovação diante da administração marcada por crise de Wilson Martins.
Eleição em votos totais |
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2002 | Zeca do PT | 581.545 |
2006 | André Puccenelli | 726.806 |
2010 | André Puccenelli | 704.407 |
2014 | Reinaldo Azambuja | 741.516 |
2018 | Reinaldo Azambuja | 677.310 |
O número total de votos conquistados por Reinaldo, 677,3 mil, é menor dos últimos 16 anos. Só é superior à votação conquistada por Zeca em 2002, quando conquistou o apoio 581,5 mil eleitores.
No entanto, o recordista ainda é o tucano, com 741,5 mil votos obtidos há quatro anos. A votação deste ano também é inferior ao montante de André em 2006 (726,8 mil) e 2010 (704,4 mil).
A votação do juiz Odilon é a maior conquistada na história de MS por um candidato do PDT. O percentual de 47,65% do pedetista foi o mais expressivo conquistado por um candidato derrotado nas eleições para o Governo do Estado.
Apesar do fracasso nas urnas, os números encheram os olhos do juiz, que já admite disputar nova eleição daqui dois anos, quando poderá tentar a Prefeitura de Campo Grande.
A reeleição não deve facilitar a vida do governador Reinaldo Azambuja, que ainda enfrenta dois inquéritos no STJ.
O tucano tem a seu favor a fama da corte, de ser lenta na tramitação dos processos e de raramente afastar governadores no exercício do mandato. André Puccinelli foi alvo de dois inquéritos no STJ, mas foi salvo pela Assembleia Legislativa, que ainda tinha o poder de impedir ações criminais contra chefes do Executivo.
O caso mais notório deste ano foi o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), que virou réu no Superior Tribunal de Justiça, mas não foi afastado do cargo.
Por outro lado, um indicativo de que as coisas podem estar mudando foi deflagração da Operação Vostok e o bloqueio dos bens de Reinaldo em plena campanha eleitoral.
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