As denúncias de improbidade administrativa renderam votos e até garantiram mandatos para os acusados em Mato Grosso do Sul. Dois presos em operações de combate à corrupção foram eleitos. Primeiro governador a ser alvo de ação da Polícia Federal e acusado de causar prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres estaduais, Reinaldo Azambuja (PSDB) obteve 576.993 votos e pode ser reeleito no segundo turno.
[adrotate group=”3″]
Em outros estados, as operações de combate à corrupção implodiram a candidatura de favoritos. O caso mais famoso é o do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), preso na Operação Lava Jato, que tinha a eleição de senador dada como certo e terminou o pleito em 6º lugar, com 377,8 mil votos (contra 2,9 milhões do primeiro colocado).
Veja mais:
Juiz aceita denúncia contra Nelsinho, Olarte e João Amorim por supostas fraudes
Nelsinho vira réu pela terceira vez por suposta fraude na operação tapa-buracos
Operação Vostok: STJ bloqueia R$ 277 milhões de Reinaldo, da esposa e dos três filhos
Prejuízo na Vostok fez falta para MS, poderia evitar reajuste de 40% no IPVA e ativar hospital
Movimentações suspeitas de filho de governador somam R$ 11 milhões, diz COAF
Quebra de sigilo revela R$ 40,2 milhões atípicos e depósito da JBS para Reinaldo
STJ impõe medidas cautelares a Reinaldo; MPF aponta propina de R$ 67,7 milhões
No Mato Grosso, os eleitores deixaram o governador Pedro Taques (PSDB) no humilhante 3º lugar e elegeram o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (DEM), no 1º turno.
Em MS, denúncia de corrupção parece que virou ponto positivo. Reinaldo cresceu nas pesquisas após a Operação Vostok, da Polícia Federal, que prendeu o seu filho, o advogado Rodrigo Souza e Silva, 30 anos, o ex-secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro. O ministro do Superior Tribunal de Justiça, ministro Felix Fischer, deixou claro que só não prendeu o tucano porque ele ocupa o cargo de governador.
Apesar da denúncia de ter recebido R$ 67,7 milhões em propinas, crime que nega, Reinaldo obteve 44,61% dos votos e venceu em 66 dos 79 municípios sul-mato-grossense. A família Azambuja ainda está com R$ 277 milhões bloqueados pelo STJ.
Mais sorte teve o ex-prefeito da Capital, Nelsinho Trad (PTB), alvo de dezenas de ações por improbidade administrativa nas varas da Justiça Estadual e Federal. Com os bens bloqueados e acusado de receber propina para comprar uma fazenda de R$ 29 milhões na licitação do lixo em 2012, o petebista foi o mais votado, com 424.085 votos e conquistou o mandato de senador por oito anos.
Nelsinho nega ter cometido as irregularidades e vê equívoco do Ministério Público, tanto nas 11 ações por suposta fraude na operação tapa-buracos quando nas duas que cobram R$ 32 milhões por irregularidades na implantação do Gisa, o sistema que modernizaria os postos de saúde.
Preso no dia 12 de setembro na Operação Vostok, acusado de emitir R$ 1,6 milhão em notas fiscais frias, o primeiro secretário da Assembleia, José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (DEM) foi o sexto mais votado, com 30.788 votos, e conquistou o sétimo mandato consecutivo.
Outro preso, mas em agosto do ano passado, e réu por corrupção passiva, peculato e organização criminosa a ganhar um mandato de deputado estadual foi o ex-presidente do Detran, Gerson Claro (PP), eleito com 16.374 votos.
Claro chegou a ter os bens bloqueados pela Justiça para garantir o ressarcimento dos danos causados ao departamento, mas o desembargador Vladimir Abreu da Silva suspendeu o bloqueio.
Outro compensado é o deputado estadual Lídio Lopes (Patriotas), que é réu por pagar salário a funcionária fantasma por quase quatro anos. Ele foi reeleito com 27.877 votos, a sétima maior votação para o legislativo estadual.
Réu na Operação Lava Jato por suposta propina de R$ 1,028 milhão, o deputado federal Vander Loubet (PT) obteve 55.970 votos. O petista pode ir a julgamento até o fim do ano na 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele pode perder o mandato ou se dividir entre o parlamento e a Papuda, em Brasília. Loubet aposta que será absolvido.
Bem votado, com 61.675 votos, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) é investigado na Operação Uragano. Mais votado do que quatro candidatos eleitos, o tucano só não foi reeleito devido à chapa ter muitos medalhões.
Dois candidatos a senador sul-mato-grossense, envolvidos em denúncias, não tiveram sucesso nas urnas. O ex-governador Zeca do PT, acusado de ser pioneiro no esquema de conceder incentivos em troca de propina paga pela JBS, naufragou na abertura das urnas e ficou em 5º lugar, com 294.059 votos. Ele deve ser absolvido da denúncia de caixa dois de R$ 400 mil pagos pela Odebrecht por falta de provas.
Já Delcídio do Amaral (PTC) fracassou na estratégia de posar de inocente com a absolvição do processo que levou à cassação do seu mandato de senador. Ele é réu em outra ação da Operação Lava Jato, na qual é acusado de receber US$ 1 milhão em propina na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Em menos de 20 dias de campanha, o ex-petista conquistou 109.927 votos, ficando em 7º lugar no ranking.
Réu por manter funcionária fantasma na Assembleia, George Takimoto (MDB) naufragou na tentativa de conquistar um mandato de deputado federal, mas foi bem votado, com 26.025 votos.
A exceção à regra foi a ex-primeira-dama da Capital, Andréia Olarte (MDB), que só conquistou 815 votos. Fiasco nas urnas, ela é ré por peculato e ocultação de bens em dois inquéritos na 1ª Vara Criminal de Campo Grande. O primeiro está concluso para sentença, enquanto o outro, que tramita em sigilo, está com julgamento marcado para fevereiro de 2019.
O marido de Andréia, o ex-prefeito Gilmar Olarte foi condenado a oito anos e quatro meses por corrupção passiva, mas segue solto até hoje.
A mesma sorte não tiveram outros medalhões envolvidos em corrupção no País. O líder do Governo Temer no Congresso, Romero Jucá (MDB), autor da polêmica frase de parar a Lava Jato com Supremo e tudo, perdeu a vaga de senador pelo Amapá por 426 votos.
Réu na Lava Jato, o senador Edison Lobão (MDB), ficou em 4º lugar no Maranhão. Outro despojado do poder após décadas foi o senador Eunício de Oliveira (MDB), atual presidente do Senado. Ele perdeu a boquinha ao ficar em 3º na disputa do Senado pelo Ceará.
Richa ainda contou com a ajudinha de Gilmar Mendes, do STF, que o liberou da prisão para fazer campanha. Em Mato Grosso do Sul, o eleitorado dispensa a ajudinha do notório ministro.
2 Comentários
Pingback: Gosto amargo da derrota: deputados estaduais não reeleitos investiram R$ 1,5 milhão – O Jacaré
Pingback: Fenômeno, Tio Trutis gastou R$ 0,02 por voto, já ex-vereadora não se elegeu com R$ 49 – O Jacaré