A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul virou escárnio nacional ao homenagear o presidente da Dakala Pesquisas e fundador do projeto Portal em Corguinho, Urandir Fernandes de Oliveira. Ele ficou famoso por manter contato com o extraterrestre chamado de Bilu. Além de ser alvo de piada nacional, o legislativo estadual acumula denúncias de funcionários fantasmas, de deputados enrolados com a Justiça, de ser o único órgão a não cumprir integralmente a Lei da Transparência, de criar CPI para proteger o governador, entre outros.
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No entanto, para espanto de quem se sente indignado com a corrupção brasileira, a situação pode piorar. Preso na Operação Antívirus e réu por corrupção, peculato e organização criminosa, o ex-presidente do Detran, Gerson Claro (PP) é considerado um dos favoritos nas eleições de domingo. Caso seja eleito, ganha foro privilegiado e a ação penal sobe da 3ª Vara Criminal para o Tribunal de Justiça.
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Outro favorito é o atual primeiro secretário, José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (DEM), decano no legislativo estadual e que tem a reeleição como fava contada. Ele foi um dos 14 presos na Operação Vostok pela Polícia Federal por determinação do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça.
Os deputados estaduais Mara Caseiro (PSDB) e João Grandão (PT) foram condenados por improbidade administrativa pela Justiça Federal de Naviraí no escândalo da “Máfia dos Sanguessugas”. O petista ainda tem o agravante de ter sido condenado em segunda instância a 11 anos e 10 meses de prisão pelo mesmo caso. Os dois têm boas chances de serem reeleitos.
Gasto com deputado supera R$ 64 mil
A Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul não divulgou o montante disponível para os deputados em verba de gabinete, usada para contratar assessores. Só com o salário de deputado e gratificação, o salário superava R$ 29 mil.
No debate da TV Morena, Junior Mochi revelou ainda que os parlamentares recebem 20% a título de auxílio saúde.
- Salário dos deputados R$ 25.322
- Gratificações R$ 4.115 (?)
- Auxílio saúde (20%) – R$ 5.064
- Verba indenizatória: R$ 30.128
- Total para gasto pessoal: R$ 64.629
- Verba de gabinete (para contratação de assessores) – ?
Condenado por improbidade e a ressarcir o município em R$ 366 mil por faltar ao trabalho no posto de saúde, Siufi foi o autor da homenagem a Urandir, o pesquisador que questiona o fato da terra ser redonda. Desde 300 anos antes de Cristo, pesquisadores não possuem mais dúvidas sobre o nosso planeta.
Siufi fez a homenagem junto com o presidente da Assembleia e candidato a governador, Júnior Mochi (MDB). Eles não sabiam que o pesquisador ficou famoso ao manter contato com o ET Bilu, em Corguinho, em reportagem do SBT.
Após a repercussão negativa da homenagem, o emedebista admitiu o erro e prometeu ir pessoalmente a Corguinho conferir a fraude. “Não tenho vergonha nenhuma de reconhecer que errei”, disse Siufi, em entrevista ao Correio do Estado.
Ao Midiamax, Mochi deixou a emenda pior que o soneto. “O Siufi pediu meu apoio e eu assinei junto a homenagem. Foi como ele disse também. Eu acreditava ser uma instituição de assistência na cidade”, comentou o candidato.
Companheira de partido dos dois e irmã do empresário João Amorim, preso na Operação Lama Asfáltica desde 8 de maio deste ano, Antonieta Amorim responde a processo por peculato no Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Ela é acusada de fraude na licitação do lixo, que teria beneficiado o ex-marido e candidato a senador, Nelsinho Trad (PTB). Os dois tiveram os bens bloqueados em ação na Justiça Estadual por suspeita de receber uma fazenda como propina para favorecer o Consórcio CG Solurb na licitação bilionária do lixo em 2012.
Antonieta desistiu da reeleição e o processo criminal pode ser encaminhado para a 3ª Vara Federal de Campo Grande com a perda do foro privilegiado.
Dois deputados foram denunciados por manter funcionários fantasmas. George Takimoto (MDB) é acusado de pagar salário para a funcionária cuidar de uma loja de cosméticos na Capital. Ele e a mulher estão com os bens bloqueados pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos Coletivos e Individuais Homogêneos.
A denúncia não incomodou o emedebista. Além de não demitir a funcionária, Takimoto tem certeza que consegue mais apoio popular e pode conquistar uma das oito vagas de deputado federal nas eleições deste ano.
O outro é Lídio Lopes (Patriotas), que mais modesto tenta a reeleição no domingo. Acusado de pagar salário para Sheila Lins de Albuquerque Ribeiro, que morava em Três Lagoas, por quase quatro anos, ele vai a julgamento no dia 7 de novembro deste ano na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. A audiência foi marcada nesta semana pelo juiz Marcel Henry Batista de Arruda.
Outros dois funcionários do legislativo são réus por receberem sem cumprir expediente de trabalho no Palácio Guaicurus, na Capital.
A Assembleia Legislativa é o único órgão que não cumpre integralmente a Lei da Transparência. Até o Tribunal de Contas do Estado já divulga o salário nominal dos conselheiros e funcionários. Para o presidente, Junior Mochi, a medida não é exigida pela lei, apesar de já ser cumprida por todos os demais órgãos públicos.
No ano passado, a delação premiada da JBS caiu como uma bomba na política regional e cinco pedidos de impeachment do governador Reinaldo Azambuja foram protocolados no legislativo. Os deputados criaram uma CPI para investigar o tucano e os ex-governadores Zeca do PT e André Puccinelli (MDB) pelo suposto recebimento de propina em troca de incentivos fiscais.
A comissão, presidida pelo tucano Paulo Corrêa, concluiu que os acordos não foram cumpridos pela JBS, mas não puniu ninguém. Milhares de empregos deixaram de ser gerados porque a JBS pagou menos imposto, mas não ampliou as atividades no Estado.
Os deputados estão mais preocupados em defender Reinaldo do que os interesses da população. Nesta semana, alguns deputados, como Rinaldo Modesto, o Professor Rinaldo, e Onevan de Matos, ambos do PSDB, deram entrevista para isentar o governador das acusações. Eles ignoraram a Operação Vostok, que acusa o desvio de R$ 209,7 milhões dos cofres públicos.
Os deputados aprovaram o aumento do ITCD e não reclamaram quando o governador autorizou o aumento de 40% no IPVA, com a elevação da alíquota de 2,5% para 3,5%. Apesar do aumento de tributos ser prerrogativa do Executivo, os parlamentares são eleitos para representar o povo, mas…
No domingo, o eleitor terá a chance de manter tudo como está, piorar as coisas ou tentar melhorar. Afinal de contas, o legislativo custa caro ao contribuinte.