O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ganhou mais apoio da população e pode vencer no primeiro turno, apesar da Operação Vostok, que o acusa de receber R$ 67,7 milhões em propinas e causar prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres estaduais. Conforme pesquisa do Ipems, ele pode repetir o antecessor, André Puccinelli (MDB), que conseguiu se reeleger em turno único após as denúncias feitas na Operação Uragano.
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A constatação está na pesquisa do Ipems, divulgada com três dias de atraso pelo Correio do Estado. O levantamento aponta crescimento do tucano de após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decretar a prisão temporária de 14 pessoas do seu entorno, inclusive o filho, o advogado Rodrigo Souza e Silva, 30 anos.
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Conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a pesquisa deveria ser divulgada sábado, mas só foi publicada nesta terça-feira, dia do debate entre os candidatos na TV Morena, o último antes do primeiro turno.
De acordo com o Ipems, Reinaldo passou de 42,94% para 45,82%, enquanto o principal adversário, o juiz Odilon de Oliveira (PDT) teve pequena oscilação positiva, de 29,35% para 30,24%.
Outros três candidatos encolheram, segundo o instituto. O presidente da Assembleia, Junior Mochi (MDB) passou de 7,77% para 7,17%, seguido por Humberto Amaducci (PT) de 4,76% para 4,2%. Marcelo Bluma (PV) foi o que mais oscilou, mas dentro da margem de erro, de 2,62% para 1,44%. Já João Alfredo (PSOL) cresceu de 0,72% para 0,82%.
Desde o primeiro levantamento divulgado em meados de setembro, o Correio do Estado não esconde a torcida pela vitória do tucano no primeiro turno. Nesta terça-feira, o jornal do empresário Antônio João Hugo Rodrigues (PTC), candidato a deputado estadual e que já foi parceiro de chapa de Reinaldo em 2014, cravou que o próximo governador pode ser eleito no primeiro turno.
Reinaldo tem 45,82%, enquanto os adversários somados ficariam com 43,87%. Considerando-se os votos válidos, o tucano teria mais de 51% dos votos, mas ainda assim dentro da margem de erro de 2,53%.
O jornal repete o cenário de 2010, quando André derrotou Zeca do PT no primeiro turno. O emedebista obteve 704.407 votos apesar das revelações feitas pela Polícia Federal, de que havia o pagamento de mensalão pela Assembleia Legislativa.
Em gravação feita pelo então primeiro secretário da Assembleia Legislativa, Ary Rigo (PSDB), o legislativo pagava R$ 2 milhões para André, R$ 6 milhões para os deputados estaduais, R$ 900 mil para desembargadores do Tribunal de Justiça e R$ 300 mil para o então chefe do MPE, Miguel Vieira da Silva.
Reeleito no primeiro turno, André manteve o foro privilegiado e comandou a guerra para evitar a apuração. Em público, o emedebista bradava que colocava o sigilo a disposição da população, mas, nos bastidores, lutou e conseguiu impedir a quebra do sigilo da Assembleia. Só para se ter ideia dos esforços, o TJMS derrubou a liminar determinando a quebra do sigilo no recesso de fim de ano.
Neste ano, oito anos depois, a ação popular de um grupo de advogados, que pede a apuração daquele escândalo, voltou a tramitar na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.
O STJ também apura o escândalo desde 2010 e em sigilo.
André acabou se envolvendo em outro escândalo, a Operação Lama Asfáltica, e teve a prisão preventiva decretada neste ano pela Justiça. Agora, ele é acusado de causar prejuízo superior a R$ 500 milhões aos cofres públicos e é réu em duas ações penais.
Reinaldo é acusado de conceder incentivos fiscais para a JBS em troca de R$ 67,7 milhões em propinas. Ele só não teve a prisão temporária decretada junto com o filho porque é governador do Estado. No entanto, o ministro Felix Fischer impôs medida cautelar para não manter contato com os investigados por 30 dias.
Assim como André em 2010, o tucano garante que é inocente e está a disposição da Polícia Federal. Como o processo segue em sigilo, fica a dúvida, será que os policiais não convocaram o tucano para prestar depoimento em nenhum dia de fevereiro antes da Operação Vostok?
O eleitor sul-mato-grossense não pode alegar que não sabia de anda antes de votar no próximo domingo. A culpa pela corrupção não pode ser atribuída aos moradores de Marte.
A pesquisa do Ipems foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) sob o número MS 03337/2018, como dispõe a Resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nº 23.549/2017/Eleições 2018. Foram ouvidos 1,5 mil eleitores em 40 cidades entre os dias 22 a 27 de setembro.