O Superior Tribunal de Justiça não prorrogou as prisões temporárias e os 13 acusados de integrar a organização criminosa, que causou prejuízo de R$ 209 milhões aos cofres estaduais, foram liberados no início da tarde deste domingo. O corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco, adiou a apresentação de hoje para amanhã em Brasília (DF).
A Operação Vostok, da Polícia Federal, prendeu na quarta-feira o primeiro secretário da Assembleia Legislativa, deputado estadual José Roberto Teixeira, o ex-secretário estadual de Fazenda e conselheiro do Tribunal de Contas, Márcio Monteiro, e o filho do governador Reinaldo Azambuja, o advogado Rodrigo Souza e Silva.
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A prisão temporária foi decretada pelo ministro Felix Fischer, relator do inquérito 1.190 no STJ. Também foram detidos o ex-prefeito de Porto Murtinho e ex-presidente da Fundação de Turismo, Nelson Cintra, o ex-coordenador regional do Governo, Zelito Alves Ribeiro, o ex-deputado estadual Osvane Ramos, e os empresários Antônio Celso Cortez, dono da PSG Informática, João Roberto Baird, o Bil Gates Pantaneiro, e o Ivanildo da Cunha Miranda, delator na Operação Papiros de Lama.
De acordo com o advogado Newlley Amarilla, Ivanildo já está em casa após cumprir os cinco dias de prisão temporária. Ele ainda não falou com o seu cliente.
Os outros presos foram os pecuaristas Élvio Rodrigues, dono da Fazenda Santa Mônica, Francisco Carlos Freire de Oliveira, Miltro Rodrigues Pereira e Rubens Massahiro Matsuda.
O 14º seria Polaco, que ameaça fazer delação premiada contra o governador Reinaldo Azambuja. Ontem, o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, foi à Polícia Federal e comprometeu apresentar seu cliente neste domingo em Brasília.
No entanto, a apresentação ficou para segunda-feira, porque a equipe está retornando para a capital federal neste domingo. Polaco não descartou o acordo para entregar documentos contra o governador.
O corretor é citado por integrar o núcleo duro para receber propinas em espécie pagas ao tucano, que seria integrado ainda pelo seu filho, Ivanildo e Antônio Celso Cortez.
Polaco ainda é citado no inquérito que apura propina de até R$ 500 mil para manter incentivos fiscais concedidos para curtumes e frigoríficos. Em gravação exibida pelo Fantástico, da TV Globo, ele aparece recebendo R$ 30 mil que seriam entregues para o então poderoso chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula.
O fim da prisão temporária trouxe alívio para o governador e aliados. Os mais afoitos já tratam como vitória do tucano, que continua obrigado a cumprir medidas cautelares, como não se comunicar com os investigados na Operação Vostok.
Pelo despacho do ministro, o governador não deverá manter contato nem com o seu filho, acusado de ser braço direito no esquema de corrupção que causou prejuízo de R$ 209 milhões ao Estado e faturamento de R$ 67,7 milhões para a organização criminosa.
Todos negam qualquer irregularidade. O governador defendeu o filho e os pecuaristas, que teriam sido “presos por terem vendido gado para a JBS”.