A quebra de sigilo revelou movimentação atípica de R$ 40,2 milhões nas contas do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), um dos principais alvos da Operação Vostok. A Polícia Federal conseguiu encontrar depósito da JBS. O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, chama atenção para a manobra de blindar o patrimônio milionário com a transferência de R$ 8,3 milhões em bens para uma empresa.
O escândalo explodiu em maio do ano passado com a delação premiada da JBS, homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Inicialmente, a denúncia apontada que o tucano tinha recebido R$ 38,4 milhões em propinas.
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No entanto, com a abertura do inquérito 1.190, no STJ, os policiais federais recolheram indícios de que a suposta organização criminosa integrada pelo tucano faturou R$ 67,791 milhões, enquanto o Estado perdeu R$ 209,7 milhões com a não arrecadação de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços).
Com a quebra do sigilo bancário do governador, a PF identificou movimentação financeira atípica de R$ 27,288 milhões entre 1º de abril de 2016 e 12 de abril de 2017. Conforme despacho de Felix Fischer, mais R$ 12,947 milhões foram identificados entre 1º de agosto e 31 de outubro do ano passado.
Neste último montante, os policiais descobriram o depósito de R$ 244.732,23 feito diretamente pela JBS na conta de Reinaldo Azambuja, “desvinculado de justificativa”, observa o ministro.
Outra transação considerada suspeita foi a aplicação de R$ 1,146 milhão em fundo imobiliário entre os dias 1º e 3 de dezembro de 2017. Na oportunidade, conforme o despacho de Fischer, o governador adquiriu oito imóveis, que custaram R$ 2,8 milhões.
O curioso é que o patrimônio de Reinaldo só teve crescimento de 2,2% em quatro anos, passando de R$ 37,8 milhões para R$ 38,6 milhões, conforme informações repassadas à Justiça Eleitoral.
De acordo com o ministro, o inquérito revelou que o tucano começou a blindar o patrimônio em 2016. A Polícia Federal descobriu que ele fez 10 transações para a Taquaruçu Agropecuária, que somaram R$ 8,328 milhões. Para Fischer, a manobra visa dificultar a vinculação com qualquer vantagem indevida.
Esses detalhes só fazem parte do inquérito aberto a partir da delação premiada da JBS. O governador ainda é alvo de outro, 1.198, em que um dono de curtume e dois de frigoríficos denunciam pagamento de até R$ 500 mil em propina para manter os incentivos fiscais. Esta denúncia foi tema de reportagem do Fantástico, da TV Globo, veiculada em 28 de maio do ano passado.
A Operação Vostok em números
Propinas – R$ 67.791.309,00
Prejuízos para MS – R$ 209.750.000,00
O MDB, que tem o ex-aliado Junior Mochi como candidato a governador, ingressou com pedido de impugnação da candidatura de Reinaldo no Tribunal Superior Eleitoral porque ele omitiu os três inquéritos em tramitação no STJ.
Em nota divulgada no início da noite de ontem, o governador ressaltou que a Operação Vostok não tem fatos novos, já que a denúncia tramita há “um ano e meio”. Ele insinuou finalidade eleitoral por ter sido deflagrada a 20 dias da eleição.
O governador encerrou a nota se mostrando confiante: “tenho fé, a verdade prevalecerá”.
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